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SALÁRIO
Aumento maior desequilibraria a Previdência, fala presidente; Genoino diz que faltava "consistência" ao PT no passado
Lula defende alta "responsável" do mínimo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem em seu programa quinzenal de rádio, o "Café
com Presidente", que seria "irresponsabilidade" dar um aumento
para o salário mínimo maior do
que os R$ 20,00 concedidos pelo
governo. Com o reajuste, o salário
foi a R$ 260, desde sábado.
O presidente afirmou que o aumento maior desequilibraria as
contas da Previdência. "É por isso
que nós não podemos dar o salário mínimo que eu, particularmente, gostaria de dar. E tenho
certeza de que os ministros Palocci [Fazenda] e o José Dirceu [Casa
Civil] gostariam de dar um aumento que pudesse chegar a R$
300. Agora, fazer isso sabendo
que não tem dinheiro, seria total
irresponsabilidade nossa."
Após muitas discussões internas, o governo anunciou o novo
valor do mínimo na quinta-feira.
Depois disso, Lula discursou em
quatro eventos públicos -incluindo a Missa do Trabalhador,
sábado, em São Bernardo-, mas
não falou sobre o reajuste do salário. Optou por discorrer sobre o
tema em uma situação livre de interpelações ou de manifestações.
Lula explicou no rádio o impacto negativo que um aumento
maior do mínimo teria nas contas
da Previdência. Citou o déficit de
R$ 31 bilhões e dívidas a receber
de R$ 200 bilhões. "Isso faz com
que o caixa da Previdência não tenha o dinheiro que nós gostaríamos que tivesse."
O presidente disse ainda que o
governo "teve o cuidado" de dar
um aumento um pouco maior do
que a inflação -1,2%, o mesmo
reajuste real de 2003. Uma das
promessas de campanha de Lula é
dobrar o poder aquisitivo do mínimo até o fim do seu mandado,
no dia 31 de dezembro de 2006.
Alguns assessores do presidente
já reconhecem que essa promessa
não será cumprida. "Nós tivemos
o cuidado de dar o reajuste da inflação e um pouquinho a mais,
com a preocupação de que, em algum momento, nós vamos criar
as condições para recuperar definitivamente o poder aquisitivo do
salário mínimo", disse Lula.
O presidente voltou a citar as dívidas herdadas do governo de
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). "É importante lembrar que neste ano nós herdamos
um esqueleto do governo passado
de R$ 12,4 bilhões que não estavam no Orçamento e que nós vamos ter que pagar, porque a Justiça determinou".
O presidente disse ainda que, se
o aumento do mínimo valesse
apenas para o setor privado, não
seria um problema para o governo. "Para os trabalhadores da iniciativa privada, você poderia decretar o mínimo de R$ 400, R$
450, porque muitas empresas já
pagam isso, ou mais do que isso."
Sem consistência
O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou que faltou
consistência ao discurso que o
partido fazia antes de assumir a
Presidência da República, em
2003. "Possivelmente faltou consistência ao que o PT defendia na
oposição. No governo, temos que
dar mais consistência ao debate.
Argumentos que falamos na oposição precisam ser rediscutidos."
Para ele, o partido defendia aumentos maiores dos que os concedidos principalmente por Fernando Henrique Cardoso -que
deu reajustes reais médios de
4,7% ao ano- porque não tinha
"a responsabilidade de governar".
"Não possuíamos nem dados
nem informações suficientes para
isso [debate mais consistente]",
justificou. Segundo Genoino, o
reajuste real de 1,2% neste ano está dentro do limite das possibilidades financeiras do país.
(GABRIELA ATHIAS E RANIER BRAGON)
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