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Dirceu pede debate sobre salário
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, defendeu ontem a
realização de um debate a curto
prazo sobre a desvinculação do
salário mínimo dos benefícios da
Previdência.
"Ou o país tem a coragem de
desvincular o [salário] mínimo da
Previdência ou o mínimo será
sempre um salário que não corresponderá nem à necessidade de
expansão do mercado interno",
afirmou o ministro.
Ao discursar em seminário sobre a expansão do porto de Santos, Dirceu afirmou também que
os brasileiros precisam ter clareza
sobre as limitações do país sem
perder a esperança, a fé e o otimismo e sem deixar de ter audácia.
"Audácia neste momento é ter
responsabilidade, como nós tivemos agora, ao não dar um aumento para o salário mínimo [ficar] maior que R$ 260", acrescentou Dirceu.
Retomada
O ministro afirmou que o Brasil
tem todas as condições de retomar o crescimento econômico.
"O que nós precisamos é, ao mesmo tempo, ter audácia e serenidade para não sair do caminho traçado. Persistir nesse caminho,
porque é o caminho que nos levará à retomada do crescimento
econômico. Manter o superávit
fiscal, manter as metas de inflação, manter o rigor fiscal para que
o país possa reduzir os juros",
afirmou.
Dirceu defendeu a aprovação
pelo Congresso da nova Lei de Falência, da Parceria Público-Privada (PPP) e da legislação de incentivo à construção civil.
Em entrevista, questionado se
estava defendendo a desvinculação entre o mínimo e os benefícios da Previdência, o ministro
disse que não. "Eu falei que o país,
a sociedade e o Congresso Nacional precisam discutir esse problema. O salário mínimo está vinculado à Previdência, e isso tem impedido um aumento maior", disse o ministro.
Segundo Dirceu, ao decidir pelo
valor de R$ 260, o governo levou
em conta diversos fatores, como a
necessidade de garantir os investimentos em infra-estrutura e na
área social. "Mas a grande questão é realmente a vinculação com
a Previdência", disse. A Previdência Social paga até um salário mínimo para cerca de 12 milhões de
segurados.
O ministro disse que "sempre é
possível dar um aumento real para o salário mínimo, desde que a
economia cresça, que o país reduza os juros e que se possa diminuir o déficit da Previdência, que
está em R$ 30 bilhões".
Quanto à tese de que um salário
mínimo maior aqueceria a economia, o ministro afirmou que isso é
evidente, mas que é preciso pesar
os prós e os contras.
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