São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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OÁSIS

Ocorrência de chuvas na hora certa e prevenção a doenças devem elevar colheita e produtividade durante a safra atual

Bahia vai contra a maré e eleva produção

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Em todo o país, a safra deste ano vai cair em relação à passada. Exceto no cerrado nordestino, especialmente no oeste baiano, onde até a produção de soja vai aumentar -a despeito da redução da área plantada.
"É basicamente o regime de chuvas deste ano que pode explicar a produtividade do oeste baiano", afirmou Deives Faria, 25, analista de mercado da FNP Agroinformativos.
Enquanto em outras regiões do país a chuva veio em excesso, atrapalhando a colheita, no cerrado baiano ela aconteceu na época certa para florescer os grãos e parou no momento de colher.
Além disso, lembra o analista, os produtores de soja locais se preveniram contra a ferrugem asiática, pois na safra passada tiveram as maiores perdas do país com a doença, que neste ano atingiu em cheio especialmente as lavouras goiana e paranaense.
O resultado aparece no último boletim de previsão de safra da Conab: somente o cerrado nordestino -formado ainda pelo sul do Piauí e do Maranhão- vai ver sua produção de soja crescer.
"O oeste da Bahia apresenta um potencial de ocupação grande", informa Eduardo Trevisan, 41, gerente técnico da Campo Companhia de Promoção Agrícola.
Estudo recente da Campo em parceria com a Secretaria de Agricultura local mostra os efeitos da ocupação mais intensiva da área nos últimos dez anos. No final dos anos 80, um hectare de terra na região era avaliado entre R$ 25 e R$ 75. Hoje, o preço está variando de R$ 1.000 a R$ 2.000 o hectare da terra bruta ou de R$ 2.000 a R$ 3.500 o da terra aberta e cultivada.
E nem só de soja/grãos vive o cerrado baiano. "A produção também é importante em fibras e frutas, e a presença do café é crescente", diz Trevisan, da Campo. Além disso, a pecuária vem se desenvolvendo na região -já faz dois anos que o rebanho ultrapassou o 1,5 milhão de cabeças, e o município de Barreiras já atraiu um grande frigorífico.
O curioso é que as condições naturais da área não seriam exatamente as ideais para tanto desenvolvimento, diz Trevisan. "A região não dispõe dos melhores solos, pois tem uma terra amarela, arenosa, e não possui o melhor regime normal de chuvas." A única vantagem que ele destaca é a topografia. "A altitude é boa, favorece o cultivo de grãos."
E é justamente a produção de grãos nesta safra que destaca a região: 114,2% a mais de caroço de algodão e algodão em pluma -com incremento de 111% na área plantada- e a elevação de 47,5% na produtividade de soja -apesar de haver 3,4% a menos de área plantada.
Com isso, a produção de soja deve alcançar nesta safra, pela estimativa da Conab, 2,2 milhões de toneladas -ainda pouco se comparado aos 14,5 milhões de Mato Grosso ou aos 10,2 milhões do Paraná. Mas com uma vantagem: com acréscimo, e não redução, em relação à safra passada da "jóia da coroa" agrícola atual.

Agrishow
A capitalização da região permitiu também a promoção de uma edição da Agrishow em Luís Eduardo Magalhães. A feira, a primeira versão Nordeste do evento, ocorrerá entre os dias 8 e 12 de junho. Foi investido R$ 1 milhão na criação do parque para abrigar o evento, um complexo de 200 hectares. A previsão é atrair cerca de 50 mil pessoas e gerar negócios de R$ 500 milhões.


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