São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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MERCADO ABERTO

Câmbio valorizado atinge montadoras

A sobrevalorização do câmbio já começa a afetar as montadoras. A reestruturação anunciada ontem pela Volks do Brasil, com a provável demissão de mais de 5.000 funcionários, reflete a perda de competitividade da indústria brasileira.
Já há alguns meses, a matriz da Volks na Alemanha e a filial brasileira discutem a possibilidade de um grande corte no país para compensar a perda nas exportações. A produção no Brasil ficou cara demais para a Volks.
Uma das principais medidas em estudo era descontinuar a fabricação do Fox, cuja produção é centralizada no Brasil. O Fox começou a ser produzido em 2004, quando o dólar estava em torno de R$ 2,4 e a perspectiva era chegar no ano seguinte perto de R$ 2,8, o que tornaria a produção altamente rentável para a montadora. Na época, falava-se até em dólar a R$ 3 em 2006. Nunca, nos planos da Volks, era previsto um dólar perto de R$ 2.
Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Funcex e diretor da Fiesp, a sobrevalorização do câmbio não atinge apenas a Volks. Outras empresas estão transferindo a produção para fora do Brasil pelo mesmo motivo. Entre elas, Marcopolo, Azaléa, Vicunha, Coteminas e Moinho Santista, entre outras.
O real foi a moeda que mais se valorizou no mundo nos últimos dois anos. De acordo com Giannetti da Fonseca, a valorização do real nesse período foi de 40%, o que explica a perda de competitividade da indústria brasileira.
O problema se torna ainda mais preocupante devido ao crescente descasamento entre o fluxo financeiro da entrada de dólares e o fluxo físico da exportação. Para investir nos juros altos, muitos exportadores têm fechado contratos de venda de produtos que só serão entregues em 2007 e 2008. Esse fechamento antecipado de câmbio provocou um hiato de US$ 15 bilhões na balança comercial brasileira -o país exportou fisicamente US$ 120 bilhões, mas entraram no país, em razão dessa venda antecipada, US$ 135 bilhões. O problema é que essa antecipação do câmbio agora pode significar falta de dólar no futuro. Os produtos serão entregues, mas o dólar não entrará no país.

CONVERSA COM O ZÉ
O Credit Suisse organiza encontro com o ex-ministro José Dirceu na próxima terça, em SP, na sede do banco. Chamado de conversa com José Dirceu, o encontro será restrito a clientes do banco. O Credit Suisse esclarece que o evento é organizado pelo banco de investimento, que atua de forma independente do escritório de representações do banco -que está, desde março, sob investigação da Polícia Federal.

RISCO EVIDENTE
Estudo do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência) já alertava para a questão do gás natural antes do anúncio de Evo Morales. "O fornecimento de gás oriundo exclusivamente da Bolívia oferece riscos na garantia do seu suprimento futuro, haja vista que parte da população local se posiciona contrária à venda do gás para o exterior, através de empresas privadas estrangeiras, como é o caso da Petrobras", adverte o documento "Matriz Brasileira de Combustíveis", para quem a massificação do consumo interno de gás é uma tendência irreversível.

MÍNIMO MAIOR
O Estado do Paraná terá o maior salário mínimo do país, entre R$ 427 e R$ 437,80. O novo piso, cujo projeto foi aprovado ontem pela assembléia legislativa, poderá injetar até R$ 66 milhões ao mês na economia estadual, segundo dados do Dieese.

SOLIDÁRIO
O HSBC lançou três produtos "sustentáveis" que devem ampliar os recursos das ações sociais que o banco promove com seu Instituto Solidariedade. Cada vez que um cliente adotar o extrato eletrônico ou o débito automático, o banco destinará R$ 0,25 por operação à área.

ELITE DA ELITE
Apesar da descoberta de novos destinos turísticos nos últimos anos, o "velho continente" ainda tem o monopólio dos melhores quartos do mundo -ou, ao menos, dos mais caros. É o que revela lista da revista "Forbes" com as maiores diárias de hotéis existentes, e quatro europeus na ponta. O "campeão" foi a suíte na cobertura do hotel Martinez, em Cannes, que cobra US$ 37,2 mil por noite, com direito a quatro quartos, um terraço privativo e vista para o Mediterrâneo. O ranking conta ainda com mitos como o Plaza Athenée, em Paris, cuja diária de sua suíte real custa US$ 17,5 mil, e hotéis de grandes redes, como o InterContinental em Hong Kong, com uma suíte presidencial de 7.000 m2 e direito a serviço de quarto do restaurante do estrelado chef Alain Ducasse.

GUILHERME BARROS, com Marcelo Satake e Isabelle Moreira Lima

@ - guilherme.barros@uol.com.br

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