São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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BC gasta US$ 3,5 bi para segurar cotação do dólar

DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar ameaçou romper os R$ 2,00 na manhã de ontem, e o Banco Central decidiu intervir de forma pesada no mercado.
Mas, ao fazer intervenções no mercado à vista e futuro que custaram cerca de US$ 3,5 bilhões, o máximo que o BC conseguiu foi fazer com que o dólar fechasse vendido a R$ 2,028, com leve alta de 0,20%.
Na primeira hora de operações ontem, o dólar chegou a ser negociado a R$ 2,008 -menor cotação desde fevereiro de 2001-, momento em que a autoridade monetária decidiu intervir com vigor.
Quando atua no mercado, o que a autoridade monetária busca é enxugar o excesso da oferta de dólares, elevando sua cotação. Como há mais investidores interessados em vender do que comprar dólares neste momento, a moeda norte-americana acaba perdendo valor.
No ano, o dólar tem queda acumulada de 5,1%.
Nos últimos dias, o BC já vinha realizando intervenções mais pesadas. Mas nunca na magnitude de ontem.
Em todo o mês de abril, a autoridade monetária brasileira adquiriu do mercado US$ 12 bilhões -sendo esse o maior volume já registrado em um único mês.
"A intervenção de hoje [ontem] foi muito forte. O BC mostrou que não está interessado em ver o dólar abaixo de R$ 2,00", afirmou Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"No curto prazo, o BC até pode conseguir conter uma queda mais acentuada. Porém, vai ser difícil sustentar isso no médio prazo, especialmente se o cenário internacional permanecer favorável", afirma Tavares.
Salvo alguma crise que mexa com o mercado internacional, dificilmente a cotação do dólar subirá forma mais contundente diante do real, ao menos no curto prazo, segundo analistas financeiros.

Movimento mundial
Assim como o que ocorre com a Bolsa paulista, essa apreciação da moeda brasileira está em sintonia com um movimento global.
O dólar tem se desvalorizado em relação a várias moedas pelo mundo. A libra esterlina, o euro, o peso colombiano e o dólar australiano estão entre as moedas que mais têm ganhado valor em relação ao dólar nos últimos 12 meses.
Analistas afirmam que, se a taxa básica de juros brasileira fosse reduzida de forma mais rápida, o real poderia se depreciar. Isso porque parte do capital estrangeiro especulativo vem ao país em busca da remuneração dos juros altos.
"Entre 9% e 10% ao ano seria a taxa interna que deveria vigorar para que um enorme incentivo à valorização do real não se apresentasse pelo menos na magnitude com que vem se apresentando. Reduções maiores das taxas internas de juros irão minorando a necessidade de intervenções [do BC], mas não as evitarão", avaliou, em relatório, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). A taxa básica Selic está hoje em 12,5%. (FV)


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