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BC gasta US$ 3,5 bi para segurar cotação do dólar
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar ameaçou romper os
R$ 2,00 na manhã de ontem, e o
Banco Central decidiu intervir
de forma pesada no mercado.
Mas, ao fazer intervenções
no mercado à vista e futuro que
custaram cerca de US$ 3,5 bilhões, o máximo que o BC conseguiu foi fazer com que o dólar
fechasse vendido a R$ 2,028,
com leve alta de 0,20%.
Na primeira hora de operações ontem, o dólar chegou a
ser negociado a R$ 2,008 -menor cotação desde fevereiro de
2001-, momento em que a autoridade monetária decidiu intervir com vigor.
Quando atua no mercado, o
que a autoridade monetária
busca é enxugar o excesso da
oferta de dólares, elevando sua
cotação. Como há mais investidores interessados em vender
do que comprar dólares neste
momento, a moeda norte-americana acaba perdendo valor.
No ano, o dólar tem queda
acumulada de 5,1%.
Nos últimos dias, o BC já vinha realizando intervenções
mais pesadas. Mas nunca na
magnitude de ontem.
Em todo o mês de abril, a autoridade monetária brasileira
adquiriu do mercado US$ 12 bilhões -sendo esse o maior volume já registrado em um único
mês.
"A intervenção de hoje [ontem] foi muito forte. O BC mostrou que não está interessado
em ver o dólar abaixo de R$
2,00", afirmou Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"No curto prazo, o BC até pode conseguir conter uma queda
mais acentuada. Porém, vai ser
difícil sustentar isso no médio
prazo, especialmente se o cenário internacional permanecer
favorável", afirma Tavares.
Salvo alguma crise que mexa
com o mercado internacional,
dificilmente a cotação do dólar
subirá forma mais contundente diante do real, ao menos no
curto prazo, segundo analistas
financeiros.
Movimento mundial
Assim como o que ocorre
com a Bolsa paulista, essa apreciação da moeda brasileira está
em sintonia com um movimento global.
O dólar tem se desvalorizado
em relação a várias moedas pelo mundo. A libra esterlina, o
euro, o peso colombiano e o dólar australiano estão entre as
moedas que mais têm ganhado
valor em relação ao dólar nos
últimos 12 meses.
Analistas afirmam que, se a
taxa básica de juros brasileira
fosse reduzida de forma mais
rápida, o real poderia se depreciar. Isso porque parte do capital estrangeiro especulativo
vem ao país em busca da remuneração dos juros altos.
"Entre 9% e 10% ao ano seria
a taxa interna que deveria vigorar para que um enorme incentivo à valorização do real não se
apresentasse pelo menos na
magnitude com que vem se
apresentando. Reduções maiores das taxas internas de juros
irão minorando a necessidade
de intervenções [do BC], mas
não as evitarão", avaliou, em relatório, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial). A taxa básica Selic
está hoje em 12,5%.
(FV)
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