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Parecer pede condenação de 24 frigoríficos por cartel
Ministério Público vê acerto de preços; empresas negam
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
emitiu no último dia 25 parecer
pela condenação de 24 frigoríficos de vários Estados brasileiros por suposta formação de
cartel para compra de carne bovina no país e no exterior.
O parecer é do procurador
regional da República José
Elaeres Marques Teixeira, que
representa o Ministério Público no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
O Cade julgará se condena ou
não os frigoríficos -que seriam
responsáveis por mais da metade das exportações de carne bovina no país- com base no parecer do Ministério Público e
nas investigações realizadas
pela Secretaria de Direito Econômico, vinculada ao Ministério da Justiça.
Um dos elementos usados
pelo procurador da República
em seu parecer é reunião de representantes de frigoríficos
realizada em 2005 em um hotel
de São José do Rio Preto (SP).
Lá, teria ocorrido a elaboração
de uma tabela de classificação
para uniformizar os critérios de
compra de gado dos criadores,
o que incluiria um deságio no
preço pago ao pecuarista, de
acordo com o peso e as características do animal.
Os frigoríficos negam a formação de cartel e afirmam que
o encontro visava discutir medida provisória do setor e a incidência de 1,5% do Funrural
(Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural) sobre a compra de gado.
"É de estranhar a ausência de
consultores jurídicos das referidas empresas à reunião, supostamente com o fim de discutir medida provisória que
trata de questões técnicas de
caráter tributário, enquanto
que a ela estiveram presentes
precisamente as pessoas responsáveis pela compra de gado
bovino", diz o procurador José
Elaeres em seu parecer.
Em caso de condenação, os
frigoríficos podem pagar multa
de até 30% do faturamento
bruto da empresa no exercício
anterior à suposta formação de
cartel. Os responsáveis pelas
empresas podem ser multados
em metade desse valor, além de
ficarem sujeitos a processos
criminais.
O parecer do Ministério Público soma-se à investigação da
Secretaria de Direito Econômico, que no ano passado já havia
pedido a condenação de oito
grandes frigoríficos do país:
Minerva, Mataboi, Estrela
D'Oeste, Marfrig, Bertin, Frigol, Franco Fabril e Friboi.
Na época, todos negaram a
formação de cartel. A Folha
não conseguiu falar na noite de
ontem com a Abrafrigo (Associação Brasileira dos Frigoríficos).
(RANIER BRAGON)
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