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ANÁLISE
Crescimento de serviços não é pontual
RAFAEL BACCIOTTI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em março, o avanço da ocupação ocorreu em um ritmo
mais brando (0,2% em março
ante 0,9% em fevereiro, com
ajuste sazonal). Entre os principais setores de atividade, que
são aqueles que concentram a
maior parcela de trabalhadores
em relação ao total de pessoas
ocupadas, observou-se, de fato,
algum arrefecimento.
A ocupação na indústria de
transformação, por exemplo,
que detém 16,3% do total, permaneceu estável, após registrar
crescimento de 1,4% em fevereiro, em termos dessazonalizados. No comércio, que detém
a maior parcela de ocupados
em relação ao total (18,7%), a
queda em março foi de 0,8%,
ante alta de mesma magnitude
em fevereiro.
O setor de "serviços prestados às empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira" (15,8% do
total), por outro lado, correspondeu com uma alta de 2,8%
na mesma comparação.
O comportamento verificado
na última divulgação não é
pontual. Há uma tendência evidente de que a indústria de
transformação concentre cada
vez menos em relação ao total
de ocupados, ao passo que a importância do setor de serviços
ganha cada vez mais força.
A importância dos serviços
no dinamismo da economia
brasileira ficou claro ao longo
da última crise. O desempenho
do PIB brasileiro em 2009, apesar da ligeira retração, foi em
certa medida positivo relativamente às demais economias.
Na abertura pelo lado da
oferta, a indústria mostrou
queda de 5,5%, ao passo que o
PIB de serviços avançou 2,6% e
impediu um recuo ainda mais
expressivo do PIB no ano. A demanda doméstica serviu de
blindagem à economia nacional, sobretudo com a sustentação do nível de renda.
Por se tratar de setor que não
é comercializado com o setor
externo, a dinâmica dos serviços é menos volátil do que
aquela apresentada pelo setor
industrial, que sofreu grande
impacto nos períodos de crise,
tanto em 2002 como em 2009.
Olhando os dados do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho), a participação dos serviços na criação
de vagas formais na economia é
muito mais constante.
Vale destacar que o processo
de recontratação na indústria é
lento. A recuperação do emprego ocorre de forma defasada em
relação ao incremento da produção. Além disso, a recuperação da produção pode acontecer via alta de produtividade e,
dessa forma, parte da perda dos
empregos industriais pode não
se recuperar totalmente.
RAFAEL BACCIOTTI é analista
da Tendências Consultoria.
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