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Investidor mantém ceticismo sobre Grécia
Apesar de pacote de 110 bilhões, permanecem dúvidas sobre capacidade de Atenas promover cortes no Orçamento
Títulos da Grécia têm
recuperação apenas modesta,
e euro recua; França e
Alemanha pressionam
Parlamentos a aprovar pacote
Louisa Gouliamaki - 28.abr.10/France Presse
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Funcionário da Bolsa de Atenas; apesar de pacote recorde de ajuda da UE e do FMI, mercado ainda vê incerteza sobre crise grega
DA REDAÇÃO
Enquanto a chanceler alemã,
Angela Merkel, fazia uma "blitz
midiática" para tentar convencer os alemães de que a ajuda à
Grécia era "a única forma de garantir a estabilidade do euro",
investidores seguiram céticos
em relação à eficácia do pacote
de 110 bilhões.
A ajuda foi anunciada anteontem por FMI e União Europeia para salvar a economia
grega de um colapso.
Há dúvidas também sobre a
capacidade de Atenas de realizar os prometidos cortes no
Orçamento, parte do acordo
para receber o dinheiro. O plano de arrocho -que prevê reduções salariais e aumento de
impostos- foi o estopim para
manifestações e greves nos últimos dias, que devem continuar hoje (atingindo o setor aéreo e os hospitais públicos).
Para mostrar que o resgate
recebe a celeridade devida, o
gabinete de governo da Alemanha aprovou ontem a contribuição do país: 22,4 bilhões
(R$ 51 bilhões) durante os próximos três anos.
A medida ainda precisa da
aprovação do Parlamento. "A
razão para essa lei é um último
recurso, uma situação de emergência, na qual a Grécia não
tem mais acesso aos mercados
financeiros, e há um impacto
na estabilidade do euro", afirmou Merkel.
A França planeja emprestar
até 16,8 bilhões aos gregos ao
longo dos próximos três anos.
Em sessão para alterar o Orçamento francês -e permitir a liberação do aporte-, a ministra
de Finanças da França, Christine Lagarde, afirmou que a Europa "não tem outra escolha".
Dos 110 bilhões, 80 bilhões
virão da UE; o resto, do FMI.
O diretor-gerente do Fundo,
Dominique Strauss-Kahn, informou ontem que a instituição deve aprovar sua parcela
até o fim de semana.
Em contraste com a euforia
na recepção a pacotes anteriores do FMI, o rendimento dos
títulos da Grécia caiu apenas ligeiramente com relação aos títulos alemães considerados como referência do mercado.
Eles recuaram aos níveis registrados dez dias atrás, antes
do pânico quanto à possibilidade de calote grego (o que ampliaria o rombo nas contas dos
bancos europeus e poderia infectar outros endividados, como Portugal e Espanha).
"Há pouca convicção de que
essa seja uma solução rápida. A
sustentabilidade de longo prazo desse nível de austeridade
deve ser aberta a questionamento", disse Tony Morriss,
estrategista sênior de câmbio
do ANZ Bank em Sydney.
Convencimento
"Não parece que o mercado
está convencido ainda. É isso o
que o euro diz. O acordo ainda
tem que passar pelos parlamentares e isso vai ser difícil",
afirmou um operador europeu
de câmbio. O euro caiu ontem a
US$ 1,319 e acumula desvalorização de 12% desde dezembro.
Ontem, a Grécia também recebeu um empurrão do BCE
(Banco Central Europeu), que
comunicou que vai suspender o
requisito de uma classificação
mínima de qualidade de crédito
para os ativos do governo grego
usados em suas operações de
sustentação de liquidez.
O apoio tem o objetivo de garantir que os esforços internacionais não sejam solapados
por uma crise bancária ou novos rebaixamentos de classificação de crédito.
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