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Intervenção reproduz confronto PSDB versus PT
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A intervenção do governo na Previ reproduziu, no comando do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a disputa que o PSDB e o PT vêm travando nas
eleições presidenciais deste ano.
O PSDB controla o Ministério da Previdência Social (responsável pelo setor de complementações de aposentadorias) e o Banco do Brasil (patrocinador da Previ).
Mas manda apenas pela metade no fundo de pensão. Os tucanos dividem, meio a meio, a diretoria da Previ com três representantes ligados ao PT e eleitos pelos funcionários: Sérgio Rosa, Erik Persson e Henrique Pizzolato.
Com a intervenção, o governo
pretende obrigar a Previ a cumprir a legislação que dará novamente ao banco -portanto ao
PSDB- o controle sobre as decisões do fundo de pensão.
Decisões sobre um patrimônio
de R$ 38 bilhões, investido em setores como construção civil, siderurgia, aviação e telefonia. A contabilidade da Previ também inclui
310 assentos em conselhos de 94
empresas, que pagam cerca de R$
10 mil por reunião.
"Em ano eleitoral, o governo
não deixaria de usar mais esse dinheiro [os R$ 38 bilhões" em favor
dos amigos dele. Isso foi um golpe
sujo", disse João Vaccari Neto,
presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado ao PT.
Segundo ele, a intervenção decretou a quebra de um acordo firmado em 1997, pelo qual a Previ
parcelaria até 2026 uma dívida de
R$ 5,5 bilhões do Banco do Brasil
em troca de maior participação
dos funcionários na gestão do
fundo.
"É uma leviandade afirmar uma
coisa dessas. Não passou pela
nossa cabeça nenhum tipo de
pensamento eleitoreiro. Quem
pensa nisso é o PT, que elege diretores engajados. Há uma lei geral
que não está sendo cumprida pela
Previ. E só", reagiu o deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ),
secretário-geral do partido.
Escândalos
Entre partidos e facções, o fundo de pensão -criado em 1904
para garantir a aposentadoria dos
funcionários do Banco do Brasil- teve seu nome envolvido
com vários escândalos nos últimos anos.
Em 1992, a Previ pertencia à
área de influência do famoso "esquema PP", investigado pela CPI
que levou ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de
Mello.
Liderado pelo então secretário
de Assuntos Estratégicos, Pedro
Paulo Leoni Ramos (o PP), um
grupo de executivos teria obtido
vantagens em negociações financeiras de fundos de pensão.
Depois, já no governo Fernando
Henrique Cardoso, vieram as suspeitas de tráfico de influência que
teriam levado a Previ a se aliar aos
empresários Carlos Jereissati (La
Fonte) e Atilano de Oms Sobrinho (Inepar) e à empreiteira Andrade Gutierrez no consórcio que levaria a Telemar, durante a privatização do Sistema Telebrás, em
1998.
Foram essas negociações, algumas delas gravadas por um grampo telefônico, que revelaram a atuação "no limite da irresponsabilidade" do ex-diretor do Banco
do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha do
presidenciável tucano José Serra.
Foi o ex-diretor que orientou os
investimentos da Previ no leilão
da Telebrás.
Colaborou Leonardo Souza, da Sucursal de Brasília
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