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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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Empresário nega que taxa tenha sido discutida

DA REPORTAGEM LOCAL

Passadas semanas de manifestações de distintos setores, como a Fiesp, e até discurso do vice-presidente da República contra a política de juros altos do governo, uma ala do empresariado brasileira, representada pelo Iedi, preferiu poupar o governo de novas críticas ao final de um encontro de quase duas horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Porta-voz da comitiva, o empresário Ivoncy Ioschpe (grupo Ioschpe), presidente do Iedi, disse que a taxa Selic (a taxa básica de juros) é um "número técnico e que, no dia-a-dia, diz muito pouco". "É a taxa que o Banco Central cobra dos bancos, é a taxa primária dos juros, não atinge a você, nem mim, nem a ninguém."
A discussão sobre juros extrapolou, nos últimos dias, o setor produtivo, para dentro do governo. Primeiro foi a Fiesp, que sustentou que a manutenção dos juros no atual nível (26,5% ao ano) compromete o ritmo de produção industrial até o início de 2004. Na semana passada, em um seminário em São Paulo, um dos diretores da Fiesp, Roberto Faldini, afirmou, diante do presidente do BC, Henrique Meirelles, que o governo ""oficializa a agiotagem", por meio das taxas de juros e do sistema tributário. Anteontem, o vice-presidente da República, José Alencar, (mais uma vez) fez declarações sobre os juros e defendeu que a decisão seja política, e não técnica.
Além de não criticar o governo, Ioschpe fez referência a declarações do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, de que, ""no longo prazo as taxas cairiam".
Segundo Ioschpe, na reunião os empresários trataram somente de exportações e de como diminuir a vulnerabilidade externa da economia.""Nosso endividamento é três vezes superior ao total de exportações, quando o aceitável seriam duas vezes no máximo. O mundo atravessa um período tumultuado, mas temos como aumentar as exportações e há sinais disso com a abertura de novos canais com a Índia, China e Rússia", disse o empresário.
""Viemos aqui para tratar de exportações", limitou-se a dizer Paulo Cunha, do Ultra. ""Os senhores vieram acompanhados de um ex-banqueiro [Fernão Bracher] . Não trataram de juros?", indagou o repórter. ""Juros não eram o tema do encontro", disse Cunha. (JOSÉ ALAN DIAS)


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