|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECEITA ORTODOXA
"Temos que pressionar os banqueiros que estão em uma situação muito confortável", afirma ministro
Juro é assalto à mão armada, diz Mantega
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Planejamento) voltou a cobrar
ontem a redução das taxas de juros dos bancos e das financeiras,
dizendo que essas taxas hoje são
"um disparate, um assalto a mão
armada". O ministro disse ainda
que o setor precisa de mais competição.
"Temos que pressionar os senhores banqueiros que estão em
uma situação muito confortável.
Não há competição." Segundo
ele, o governo vai aumentar a concorrência no setor por meio dos
bancos públicos e pela regulamentação de novas cooperativas
de crédito.
Sobre a manutenção em um nível elevado das taxas de juros básicas, que são definidas pelo Banco Central, Mantega disse: "Vamos esquecer essa questão e começar a pensar no crescimento e
no desenvolvimento". O mesmo
discurso foi usado pelo ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, na semana passada.
Em texto sobre o Plano Plurianual 2004/2007 distribuído ontem
aos congressistas da Comissão
Mista de Orçamento, Mantega
traça como objetivo do plano um
crescimento econômico superior
a 5% ao ano.
Antes, o ministro vinha falando
em mais de 4% de crescimento
anual. Para este ano, a projeção é
de apenas 2%.
Na semana passada, antes de visitar a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Mantega já
havia criticado as taxas bancárias.
O ministro disse que o governo
estava fazendo a sua parte e estava
na hora de os bancos fazerem a
parte deles.
Ontem, provocado pelos congressistas da oposição, Mantega
relatou uma conversa que teve
com o presidente do Bradesco,
Lázaro Brandão. Segundo o ministro, houve uma crítica aos juros praticados pelos bancos.
Brandão teria dito que as taxas
eram de 2% a 2,5% ao mês. "Para
quem?", teria questionado o ministro, acrescentando que "os juros para capital de giro são de
50% a 60% ao ano", segundo seu
relato. A assessoria de Brandão
disse à Folha que o banco não comentará as declarações do ministro.
Em outro momento, Mantega
afirmou que todos estão preocupados com os juros básicos, mas
que as taxas bancárias estariam
passando "despercebidas". "E o
pessoal está lá faturando", disse.
Segundo ele, o crédito bancário
é caro porque os bancos "exageram" nas margens de lucros e nas
perspectivas de inadimplência. A
Febraban informou, por meio da
assessoria de imprensa, que não
poderia comentar as declarações
do ministro ontem.
Nas discussões sobre o Plano
Plurianual, Mantega informou os
congressistas que o Brasil tem hoje US$ 5 bilhões em empréstimos
aprovados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
que não são desembolsados. Segundo ele, o problema é a falta de
dinheiro para as contrapartidas,
ou seja, o elevado nível de endividamento do setor público.
Texto Anterior: Porcada Próximo Texto: Lula dorme e acorda pensando em taxa, diz Ciro Índice
|