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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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TELEFONIA

Operadoras estudam oferecer pacotes e descontos para que os clientes não troquem de empresa e se mantenham "fiéis"

Fixo e celular começam união e promoções

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A sinergia entre a telefonia móvel e a celular, profetizada há anos por especialistas, começou a acontecer no Brasil. Operadoras dos dois serviços iniciaram conversas e estão fechando acordos para garantir descontos, ou mesmo ligações gratuitas, para clientes que "fidelizarem" o uso da telefonia fixa e da celular entre elas.
Já existe um caso concreto. A Oi, operadora de celulares, permite que até cinco clientes falem de graça entre si pelos terminais móveis e também com um número fixo que podem escolher da Telemar (operadora dona da Oi). Uma família de cinco pessoas, por exemplo, pode conversar por celular e ligar para sua casa gratuitamente.
Esse tipo de acordo evita que usuários desistam dos telefones fixos e migrem só para celulares, a fim de reduzir custos. Essa migração é hoje uma das principais preocupações dos executivos das operadoras fixas no mundo. Já ocorre em muitos países. No Japão, o grupo NTT tinha 60,3 milhões de linhas fixas em 1998. No ano passado, o número caiu para 50,74 milhões. Já a operadora de celulares do NTT aumentou o número de clientes de 66,7 milhões em março de 2001 para 74,8 milhões no mesmo mês de 2002.
Para Jonio Foigel, presidente da Alcatel (fabricante de equipamentos de telefonia), acordos entre operadoras fixas e móveis são inevitáveis. "As operadoras fixas estão com medo de perder clientes. O momento da sinergia é agora. Não é amanhã nem depois de amanhã", afirma.

O caso Brasil
O Brasil deve ser um dos principais focos desses acordos de sinergia. A Abinee (associação das indústrias eletroeletrônicas) prevê que no segundo semestre haverá mais celulares no país do que telefones fixos. O que deve levar as operadoras fixas a fazer acordos com as móveis. Há hoje 39,3 milhões de linhas fixas no país, contra 36,3 milhões de celulares.
A tendência é que principalmente operadoras fixas e móveis do mesmo grupo façam a sinergia. Estuda-se até mesmo garantir os minutos de celulares pré-pagos em telefones fixos.
Gilson Rondinelli, vice-presidente da Vivo (operadora de celulares que uniu empresas como a Telesp Celular), afirma que a legislação brasileira favorece a existência de operadoras fixas, principalmente as que oferecem ligações de longa distância.
Isso porque a partir de 6 de julho os usuários de muitas operadoras de celulares terão de escolher o Código de Seleção de Prestadora (CSP) para fazer ligações interurbanas. Um cliente da Vivo, por exemplo, terá de discar 0, mais um código de prestadora de longa distância (como o 15 da Telefônica ou 21 da Embratel), além do código da cidade e do número do telefone, para fazer a ligação.
"É o único país do mundo onde existirá isso", diz Rondinelli. A Vivo tem entre seus sócios a Telefónica, que no Brasil é dona da operadora fixa Telefônica, que presta serviços de longa distância. É usada pela Vivo. Questionado se sua operadora fará acordos de sinergia com a Telefônica a partir de julho, para garantir a fidelização de clientes para as duas empresas, Rondinelli disse que está estudando muitas possibilidades. "Temos que analisar como a entrada do Código de Seleção de Prestadora mexerá com o setor de telecomunicações."


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