São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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Namorado de estrelas é acusado de enviar US$ 1,2 bi

Hélio Laniado, preso no exterior, aguarda extradição para o Brasil; defesa nega crimes

Conhecido por seu relacionamento com atrizes e modelos famosas, ele é acusado por força-tarefa de ser campeão em remessas


DA REPORTAGEM LOCAL

Hélio Laniado foi um prodígio no mercado de dólar -e isso não tem nada a ver com a sua coleção de namoradas, uma lista que inclui as modelos Daniela Cicarelli e Mariana Weickert e a atriz Carolina Ferraz .
Laniado foi um prodígio pelo volume de dólares enviados ilegalmente para os EUA: US$ 1,2 bilhão entre outubro de 1995 e junho de 2002. É o campeão de remessas, de acordo com dados da Força-Tarefa CC5.
Só para comparar: Antonio de Oliveira Claramunt, o notório Toninho da Barcelona, condenado a 20 anos de prisão quando se somam as penas dadas a ele por juízes de Curitiba e São Paulo, enviou US$ 150 milhões entre outubro de 1997 e janeiro de 1999.
Em uma única conta que Laniado mantinha nos EUA, controlada por uma "offshore" chamada Watson, ele movimentou US$ 698,96 milhões, segundo a Força-Tarefa CC5.
Em outras duas contas, em que é acusado de operar com Elliot Maurice Eskinazi, Márcio Sarquis Attie, Renato Maudonnet Jr. e Dany Lederman, teriam transitado US$ 299,5 milhões. Eles dizem não ter feito remessas (leia texto abaixo).
A maior pena dada a um doleiro, no entanto, não foi a de Toninho da Barcelona. Messod Gilberto Samuel Benzecry, que atuava em Manaus, foi condenado a 17 anos de prisão. Ele e outros três sócios são acusados de movimentar US$ 680,2 milhões em dois anos.
Os juízes que condenaram Toninho da Barcelona -Fausto Martin de Sanctis, de São Paulo, e Sérgio Moro, de Curitiba- não dão entrevistas, mas suas penas altas parecem ter um aspecto pedagógico. Além de punirem crimes que eles consideram graves, teriam como efeito colateral desestimular o mercado de dólar paralelo.
Os procuradores da Força-Tarefa CC5, que não querem ver seus nomes divulgados por serem contrários à personalização da investigação, consideram Laniado um caso clássico da tolerância em relação a doleiros. Ele aparecia em revistas, ao lado de Cicarelli, Luciano Huck e Luciano Szafir, apresentado como "empresário".
Preso em agosto do ano passado em Praga, na República Tcheca, Laniado aguarda extradição. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime contra o sistema financeiro. (MCC)
Dany Lederman cumpriu a pena e obteve em 2019 a reabilitação criminal, benefício jurídico que restitui ao condenado a sua situação anterior à sentença, incluindo retirar de sua ficha antecedentes criminais.


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