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Outro lado
Acusados dizem que não fizeram remessas
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogados dos acusados de
remeter recursos para fora do
Brasil em sociedade com Hélio
Laniado dizem que seus clientes nunca enviaram dinheiro
para os Estados Unidos.
O advogado do próprio Laniado, Roberto Podval, diz que
prefere não revelar sua linha de
defesa porque a ação contra o
seu cliente corre em segredo de
Justiça. "Em respeito ao juiz, só
vou pronunciar nos autos", argumentou Podval.
Celso Sanches Villardi, que
defende Elliot Maurice Eskinazi, adotou o mesmo procedimento: "Só vou apresentar as
minhas alegações ao juiz. Não
posso comentar processo sob
segredo de Justiça".
O advogado Adriano Salles
Vani, que defende Dany Lederman e Renato Maudonnet Jr.,
diz que seus clientes tinham
uma conta no Merchants Bank
de Nova York, controlada por
uma "offshore" chamada Best
Consult, mas nunca fizeram remessas de dólares.
"Quem enviava recursos para
a conta dessa "offshore" era o
Laniado. E não eram remessas
feitas a partir do Brasil. Era dinheiro de brasileiro que já estava no exterior. Só há movimentações no exterior", afirma.
Uma das testemunhas de
acusação contra Laniado (a
portuguesa Carolina Nolasco,
que trabalhava no Merchants
Bank) disse à Justiça, afirma
Vani, que não era possível provar que os dólares haviam sido
remetidos do Brasil.
É difícil provar as remessas
porque doleiros operam um
sistema chamado dólar-cabo.
Um doleiro brasileiro pede a
um correspondente seu em Nova York que faça um depósito
de US$ 1, num exemplo hipotético. O brasileiro registra o crédito de US$ 1 a favor do americano. Quando o americano precisar fazer uma remessa de US$
1 para São Paulo, o doleiro brasileiro cuida desse pagamento.
Não há circulação física de
moeda.
Lederman e Renato Maudonnet Jr., segundo Vani, nunca esconderam que tinham
uma "offshore" fora do Brasil. A
Best Consult, diz o advogado,
está declarada no Imposto de
Renda de seus clientes.
A conta dos procuradores de
que Laniado remeteu US$ 1,2
bilhão está errada, segundo Vani. "Eles registram tudo como
remessa. Se saía uma quantia à
noite para uma aplicação num
banco do Caribe, esse valor é
tratado como remessa. O dinheiro saiu para a aplicação,
mas voltou depois. Essas contas são absurdas", diz ele.
O advogado Ricardo Cattani,
que defende Attie, diz que Laniado colocou o seu cliente como procurador de uma "offshore" sem ser avisado. "O meu
cliente não assinou a procuração", afirma.
Laniado e Attie foram sócios
em uma agência de turismo, a
Spark, mas a empresa não atuava com câmbio, diz Cattani.
Dany Lederman cumpriu a pena e obteve em 2019 a reabilitação criminal, benefício jurídico que restitui ao condenado a sua situação anterior à sentença, incluindo retirar de sua ficha antecedentes criminais.
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