São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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Efeito PCC estimula ainda mais a segurança privada

Após ataques em maio, empresas e condomínios reforçam sistemas de defesa

Busca por proteção física e patrimonial não pára de crescer no Brasil, como reflexo do elevado índice de criminalidade atual


Keiny Andrade/Folha Imagem
Seguranças de empresa privada durante simulação de alerta



FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo estimularam ainda mais as empresas de segurança privada, em expansão nos últimos cinco anos.
Na semana que "parou" a cidade de São Paulo, empresas reforçaram a segurança em seus centros de distribuição de mercadorias. Banqueiros, executivos e artistas pediram mais "homens" em sua segurança pessoal. E condomínios reforçaram o número de vigias e de equipamentos de segurança.
A demanda por proteções eletrônicas, como alarmes e sistemas de câmeras, em fábricas, condomínios residenciais e lojas subiu entre 15% e 20%, segundo informa a Belfort Segurança. "A população ficou amedrontada, pois viu um ato de terrorismo em São Paulo", diz Joffre Sandin, dono da Belfort.
A busca pela proteção física e patrimonial não pára de crescer no Brasil, como reflexo do alto índice de criminalidade no país, segundo dez empresas consultadas pela Folha.
No ano passado, as empresas de segurança privada faturaram R$ 11,8 bilhões -R$ 1,3 bilhão a mais do que em 2004 e R$ 3,5 bilhões a mais do que em 2003-, segundo a Fenavist (federação das empresas brasileiras de segurança privada).
"O setor tem crescido em média 6% ao ano. O resultado ocorre em razão da melhora da economia, da sensação de insegurança gerada pelos altos índices de violência e criminalidade e pela limitação do poder público em resolver a questão da segurança no Brasil", informa Jerfferson Simões, presidente da Fenavist.
O Brasil tem cerca de 1.900 empresas regularizadas (registradas na Polícia Federal), que empregam 425 mil vigilantes. As clandestinas empregam o triplo, segundo estimativas de empresas do setor.
A onda de violência em São Paulo levou empresas e residências a contratar o que chamam de "segurança de emergência". "A demanda por segurança nas residências aumentou entre 20% e 25% após os ataques do PCC", afirma José Wilson Jr., gerente comercial da Homens de Preto Segurança e Vigilância.
Condomínios e fábricas optaram por aumentar o número de seguranças em suas áreas. "Locais com dois seguranças armados 24 horas, por exemplo, solicitaram a presença de mais dois. E querem manter o reforço, o que significa que ainda temem a violência."

Procura aumenta
O Sesvesp, sindicato que representa 350 empresas de segurança privada, eletrônica e de escolta no Estado, informa que, em cinco dias de ataques do PCC (12 a 16 de maio), o setor registrou avanço de 30%.
O Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (reúne 2.500 empresas paulistas) registrou aumento de 15% na procura por equipamentos no período dos ataques.
"A maior procura foi por circuitos fechados de TV para prédios e empresas. É possível dizer que cerca de 40% dos condomínios de prédios já têm algum tipo de segurança eletrônica, como monitoramento de câmeras e/ou alarmes", afirma Marcelo Henrique Cabbao, presidente do sindicato.
Fernando Soares, consultor para a área de segurança da Caruso & Partners, diz que o ato do PCC levou muitas empresas a adotar uma política corporativa de segurança. "Nos últimos 30 dias apareceram seis novos clientes. Eles querem orientação para maior segurança."
A Graber Sistemas de Segurança lançou, há três anos, o que chama de "clube de segurança". O sócio paga R$ 300 mensais e recebe um pacote de segurança familiar. "Depois do PCC, a procura pelo serviço aumentou entre 20% e 30%", diz Luciano Caruso, gerente de marketing da empresa.
Para dar conta dos novos pedidos, a Assegur Vigilância e Segurança, especializada em segurança patrimonial e escoltas, contratou, após os ataques do PCC, cerca de 40 seguranças. Hoje emprega 300, segundo Adilson Oliveira, encarregado operacional da empresa.


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