São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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Estrangeiras lançam papéis na Bovespa

No período de um ano, quatro empresas fazem oferta de BDRs; até 2008, mais cinco devem chegar ao mercado local

Especialistas acreditam que a Bovespa se tornará o mercado de maior liquidez da América Latina, o que deve atrair mais empresas

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A liquidez do mercado de capitais brasileiro tem levado ao aumento na oferta de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na Bovespa. Em menos de um ano, houve quatro emissões desse tipo de papel, que são recibos de ações lançadas em Bolsas estrangeiras, para empresas com sede no exterior.
Escritórios de advocacia e bancos de investimento trabalham no lançamento de mais cinco BDRs, que devem chegar ao mercado até 2008.
A gestora de recursos Tarpon Investments lançou seus papéis na Bovespa na última quinta-feira e movimentou R$ 55 milhões no dia de estréia.
A Dufry South America, varejista com lojas em aeroportos, divulgou no mesmo dia os primeiros resultados após o lançamento de seus BDRs. Os papéis valorizaram-se em 61,1% desde sua chegada ao mercado, em 20 de dezembro. O Ibovespa subiu 30,9% no período.
As quatro empresas que lançaram BDRs nos últimos meses têm em comum o fato de terem operações no mercado brasileiro, sede em paraísos fiscais e ações emitidas originalmente em Luxemburgo. As novas empresas que se preparam para entrar na Bovespa têm sede e operam em países latino-americanos e buscam acesso a um mercado de maior liquidez.
"Essas empresas ainda não têm porte para lançar papéis em Nova York, mas precisam de liquidez", diz Daniel Facó, advogado do Machado, Meyer Advogados, que trabalhou na emissão da Tarpon.
Especialistas acreditam que a Bovespa se tornará o centro de liquidez da América Latina. "É natural que empresas latinas busquem a Bolsa brasileira", diz Carlos Alberto Rebello Sobrinho, superintendente de registro de valores mobiliários da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Segundo eles, na maioria dos países latinos, a movimentação financeira restringe-se a títulos públicos.
"As primeiras emissões nos ensinaram uma série de fatores e estamos aprendendo com elas", diz João Batista Fraga, superintendente de relações com empresas da Bovespa. "Ainda não temos um programa de atração de empresas de outros países, mas é claro que gostaríamos de tê-las aqui."
Hoje, as ações de empresas brasileiras negociadas nos EUA movimentam média diária de US$ 1,7 bilhão, segundo a consultoria Economática. A Bovespa gira US$ 1,6 bilhão ao dia. As emissões de BDRs seriam uma maneira de alterar esse quadro.
A primeira empresa dessa nova leva deverá ser o banco Patagônia, que protocolou na CVM, há poucos dias, o pedido de registro inicial de abertura de capital e oferta de ações.
"É importante que o investidor entenda que ele corre mais riscos com relação a essas empresas", diz Rebello. "Elas estão submetidas a leis diferentes e é mais difícil acompanhar o mercado de outros países."


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