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Estrangeiras lançam papéis na Bovespa
No período de um ano, quatro empresas fazem oferta de BDRs; até 2008, mais cinco devem chegar ao mercado local
Especialistas acreditam que a Bovespa se tornará o mercado de maior liquidez da América Latina, o que deve atrair mais empresas
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A liquidez do mercado de capitais brasileiro tem levado ao
aumento na oferta de BDRs
(Brazilian Depositary Receipts) na Bovespa. Em menos
de um ano, houve quatro emissões desse tipo de papel, que
são recibos de ações lançadas
em Bolsas estrangeiras, para
empresas com sede no exterior.
Escritórios de advocacia e
bancos de investimento trabalham no lançamento de mais
cinco BDRs, que devem chegar
ao mercado até 2008.
A gestora de recursos Tarpon
Investments lançou seus papéis na Bovespa na última
quinta-feira e movimentou R$
55 milhões no dia de estréia.
A Dufry South America, varejista com lojas em aeroportos,
divulgou no mesmo dia os primeiros resultados após o lançamento de seus BDRs. Os papéis
valorizaram-se em 61,1% desde
sua chegada ao mercado, em 20
de dezembro. O Ibovespa subiu
30,9% no período.
As quatro empresas que lançaram BDRs nos últimos meses
têm em comum o fato de terem
operações no mercado brasileiro, sede em paraísos fiscais e
ações emitidas originalmente
em Luxemburgo. As novas empresas que se preparam para
entrar na Bovespa têm sede e
operam em países latino-americanos e buscam acesso a um
mercado de maior liquidez.
"Essas empresas ainda não
têm porte para lançar papéis
em Nova York, mas precisam
de liquidez", diz Daniel Facó,
advogado do Machado, Meyer
Advogados, que trabalhou na
emissão da Tarpon.
Especialistas acreditam que
a Bovespa se tornará o centro
de liquidez da América Latina.
"É natural que empresas latinas busquem a Bolsa brasileira", diz Carlos Alberto Rebello
Sobrinho, superintendente de
registro de valores mobiliários
da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários). Segundo eles, na
maioria dos países latinos, a
movimentação financeira restringe-se a títulos públicos.
"As primeiras emissões nos
ensinaram uma série de fatores
e estamos aprendendo com
elas", diz João Batista Fraga,
superintendente de relações
com empresas da Bovespa.
"Ainda não temos um programa de atração de empresas de
outros países, mas é claro que
gostaríamos de tê-las aqui."
Hoje, as ações de empresas
brasileiras negociadas nos EUA
movimentam média diária de
US$ 1,7 bilhão, segundo a consultoria Economática. A Bovespa gira US$ 1,6 bilhão ao dia. As
emissões de BDRs seriam uma
maneira de alterar esse quadro.
A primeira empresa dessa
nova leva deverá ser o banco
Patagônia, que protocolou na
CVM, há poucos dias, o pedido
de registro inicial de abertura
de capital e oferta de ações.
"É importante que o investidor entenda que ele corre mais
riscos com relação a essas empresas", diz Rebello. "Elas estão
submetidas a leis diferentes e é
mais difícil acompanhar o mercado de outros países."
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