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Sucesso da ração diária dependerá do cenário eleitoral, diz analista
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A efetividade da estratégia de
intervenções diárias no mercado
de câmbio, anunciada pelo Banco
Central ontem, dependerá da
evolução do cenário da sucessão
presidencial nos próximos meses.
Na avaliação de economistas e
analistas, o Banco Central fez o
que tinha em mãos, mas a corrida
presidencial pode deixar o mercado turbulento novamente a qualquer momento.
"O BC está fazendo sua parte,
tentando tomar as medidas possíveis no momento. Mas o ambiente pré-eleitoral complica. Vamos
ficar presos ao humor do mercado, independentemente do que o
BC fizer", afirma Alcindo Ferreira, ex-chefe do departamento de
câmbio do BC.
Ao menos ontem, o câmbio se
acalmou. A moeda norte-americana fechou com desvalorização
de 1%, vendida a R$ 2,865.
"Os pequenos lotes que o BC vai
injetar no mercado vão melhorar
apenas um pouco a liquidez.
Creio que a intenção do BC com a
medida seja mais conter a trajetória de alta que fazer o dólar recuar
para patamares de algumas semanas atrás", diz o economista e
professor da USP de Ribeirão Preto Alberto Borges Mathias.
Como o BC anunciou o montante de intervenções diárias só
até o fim de julho, analistas dizem
acreditar que a instituição pode
alterar sua forma de atuação dependendo do cenário da sucessão
presidencial no período.
Na opinião de Fernando Pinto
Ferreira, diretor da consultoria
Global Invest, fatores que levaram
nervosismo ao mercado nas últimas semanas permanecem inalterados, o que vai limitar o efeito
da atuação do BC.
"A preocupação com a dívida
pública, a queda nos investimentos estrangeiros e as divulgações
de pesquisas eleitorais nem sempre favoráveis ao candidato governista vão continuar tumultuando o mercado."
Ação positiva
O diretor da Global Invest afirma que o fato de o BC ter esperado o dólar alcançar um nível bastante elevado, próximo dos R$
2,90, para voltar a tomar esse tipo
de medida, já utilizada no ano
passado, foi positivo. "Com o
câmbio em um patamar mais alto, há mais chances de o dólar recuar. Se o preço da moeda norte-americana começar a ceder, investidores que compraram dólares no nível mais elevado podem
se sentir obrigados a vender para
evitar prejuízos."
A baixa liquidez do mercado,
uma das justificativas dadas para
a escalada recente da moeda norte-americana, deve melhorar com
a ação do BC. Com poucos investidores dispostos a vender dólares, qualquer pequeno aumento
na procura pela moeda dos EUA
pressiona facilmente a cotação.
"A decisão de vender diariamente pequenos lotes é melhor
do que se o BC tivesse optado por
fazer intervenções pesadas. Esse
tipo de ação poderia até derrubar
mais rapidamente a cotação da
moeda dos EUA, mas logo surgiriam investidores atraídos pela
cotação mais baixa, pressionando
novamente o câmbio", afirma
Ferreira.
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