São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002 |
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COLAPSO DA ARGENTINA Governadores justicialistas dão apoio à antecipação do pleito, outros partidos apóiam proposta País pode antecipar também eleições gerais
JOÃO SANDRINI DE BUENOS AIRES Os governadores do Partido Justicialista (peronista, do presidente Eduardo Duhalde) divulgaram ontem uma carta de apoio à realização de eleições gerais, e não apenas presidenciais, na Argentina no dia 30 de março. Durante reunião realizada em Buenos Aires, 10 dos 14 governadores entenderam que a proposta de Duhalde para que haja uma renovação total de mandatos políticos -com a votação de novos deputados, senadores, governadores e presidente- representa "a vontade da maioria do povo argentino". Entre os governadores que não assinaram a carta, dois não puderam estar em Buenos Aires ontem e outros dois -Néstor Kirchner (Santa Cruz) e Alicia Leme (San Luis)- não concordam com a decisão. A idéia também conta com o apoio de outros importantes partidos do país, como a ARI, a Frepaso e a Autodeterminação e Liberdade. Apenas a UCR -segundo maior partido argentino- ainda não se manifestou oficialmente sobre a proposta. Os líderes peronistas ainda não decidiram, no entanto, como seria implementada a decisão. Para a realização de eleições gerais em março, o Congresso precisaria de tempo para reformar a Constituição do país. Pesquisas recentes mostram que mais de 80% da população apóia a realização de eleições para todos os cargos. No entanto, a decisão de Duhalde não alterou a expectativa da população em relação ao futuro da Argentina. Segundo pesquisa do centro de estudos do jornal "Clarín", 51,1% dos argentinos acreditam que as eleições não representam um primeiro passo para resolver a crise. O levantamento, feito anteontem com base em 387 entrevistas, mostra que só 35,7% da população acredita em uma solução eleitoral para a economia. Aposta do governo Já o governo discorda da população e aposta que o adiantamento das eleições reduz as incertezas no cenário político argentino e beneficia a economia. Segundo o chefe de gabinete, Alfredo Atanasof, a Argentina "deixou para trás o caos para tornar-se um país previsível". Ele negou que a decisão de Duhalde tenha sido tomada para atender ao FMI (Fundo Monetário Internacional), mas disse que a partir de agora o país terá condições de "melhorar a relação" com o organismo. Sobre a possibilidade de que o governo tenha ainda mais dificuldade de aprovar medidas impopulares no Congresso devido à proximidade das eleições, Atanasof disse que essa teoria foi inventada por quem "não conhece ao presidente Duhalde e nem o governo". Segundo ele, Duhalde vai trabalhar até o final de seu mandato para garantir um período de transição positivo e para entregar "um país melhor" ao sucessor. Menem Duhalde não vai tentar bloquear a candidatura do arqui-rival Carlos Menem nas eleições de março, que, pela Constituição, só poderia assumir um cargo público em dezembro de 2003. No entanto, o ministro Jorge Matzkin (Interior) disse que o governo estuda os aspectos legais possíveis para facilitar a participação de todos os candidatos interessados. Já a outra principal esperança do partido peronista nas próximas eleições, o governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, disse que vai definir nos próximos dias se oficializa a candidatura. Texto Anterior: Renda feminina é 75,5% da masculina Próximo Texto: Protesto de piqueteiros reúne 30 mil Índice |
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