São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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Tripé automotivo dá vida ao bloco comercial

DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

A melhor prova que a diplomacia pode apresentar de que o Mercosul, mesmo em crise, continua vivo é um tripé de acordos automotivos, a serem assinados ou anunciados na cúpula de Buenos Aires.
O acordo um é entre o México e os quatro países do Mercosul, para o que se aproveitará a participação do presidente mexicano Vicente Fox na cúpula do bloco sul-americano.
O acordo prevê exportações de até 140 mil veículos, no primeiro ano de vigência, com tarifa de apenas 1% (hoje, a cota é de 50 mil veículos, com tarifa de 8%).
As cotas vão aumentando (para 165 mil veículos no segundo ano e 185 mil no terceiro, já com tarifa zero), até a liberalização completa do comércio em 2006.
O segundo acordo é bilateral, entre Brasil e Argentina. Hoje, a troca de veículos entre os dois países tem que ser quase paritária: se um país exporta, em veículos, US$ 1, o máximo que pode exportar é US$ 1,15, sob pena de pagar multa.
A Argentina propôs, e o Brasil aceitou, uma nova proporção, a ser ainda definida no detalhe durante reunião, hoje, entre o ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, e o brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral.
Para os fabricantes argentinos, é um ponto fundamental. O Brasil é o grande mercado para veículos argentinos, a ponto de a expectativa das montadoras seja a de exportar para o vizinho 100 mil dos 250 mil veículos que imaginam produzir neste ano.
O terceiro acordo automotivo é com o Chile, mas bem menos relevante, porque o mercado chileno é pequeno na comparação com Brasil e México, as duas principais economias da América Latina.
Para o governo brasileiro, seria importante, além dos três acordos, avançar também na coordenação de políticas macroeconômicas, que vem sendo tentada desde a cúpula de Florianópolis, há um ano e meio.
Haverá, como é tradicional, uma reunião entre ministros de Economia dos quatro países do bloco (mais Chile e Bolívia), mas o fim de governo tanto na Argentina como no Brasil impede iniciativas mais consistentes. (CR)


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