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Para empresários, há "risco de colapso" com ingresso do país
DE BUENOS AIRES
Para José Luis Betancourt,
presidente da principal associação de empresários da Venezuela, a Fedecamaras, historicamente opositora do governo
Chávez, a entrada do país do
Mercosul, do modo que está
sendo concebida, representa
um "risco de colapso" para alguns setores locais, como o
agropecuário e a indústria.
"Nem os empresários nem os
trabalhadores foram consultados nesse processo. A opinião
pública tem de ser alertada dos
riscos envolvidos quando um
processo de integração não é
conduzido da maneira adequada", disse Betancourt.
Para ele, o emprego formal
gerado pela indústria do país
corre risco com a queda das taxas de importação cobradas de
Brasil e Argentina, por exemplo. "Os sindicatos têm se dar
conta desse impacto também."
O presidente da Fedecamaras diz também que é o setor
primário um dos que mais sofrerão com a entrada da Venezuela no Mercosul, mesmo que
o cronograma de adesão preveja um prazo de quatro anos.
"Era preciso fazer um inventário do nosso potencial importador e exportador, e isso não
foi feito, pelo menos não nos
mostraram. É preciso corrigir
deficiências antes de abrir nossos mercados. Nossa economia
é muito pequena se comparada
à do Brasil ou à da Argentina."
Ele reclama que o cálculo de
Chávez para fazer o país se tornar parte do bloco é muito mais
"político do que econômico e
social". Betancourt aponta que
só setores como o de alumínio e
de petróleo e derivados estão
preparados para competir.
O dirigente afirma que a opinião da associação, ligada a empresas multinacionais, seria a
mesma caso o governo fechasse
um tratado com os EUA. "São
mercados grandes, atrativos,
tanto o do Brasil como o dos
EUA. Mas não se pode levar o
processo dessa maneira."
Betancourt reclamou do tratamento dado aos empresários
pelo governo Chávez: "Os porta-vozes do governo tomam
medidas unilaterais e discriminam os empresários. Só tivemos uma reunião informativa,
em janeiro, na qual soubemos o
que estava acontecendo".
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