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Vexame da seleção na Copa compromete campanhas
Sem plano B, agências e empresas revêem estratégias após fracasso na Alemanha
Algumas campanhas devem
mudar, enquanto outras
mantêm imagem associada
a "craques" que provocam
agora ira no consumidor
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundos após a embaraçosa
derrota do Brasil para a França,
no sábado, um plano de emergência poderia sair das gavetas
de empresas -patrocinadoras
ou não da seleção brasileira-
para evitar estragos na imagem
após a fracassada "corrida ao
hexa". O problema é que, como
o técnico Carlos Alberto Parreira, quase ninguém tinha o tal
do "plano B".
Terminados os longos 90 minutos de jogo, a maioria das
campanhas continuou a enaltecer, no sábado e no domingo, a
glória do futebol brasileiro e os
seus jogadores-celebridade,
nomes que causam, agora, revolta no torcedor-consumidor.
"Hoje, quando você faz esse tipo de associação entre marca e
um evento, corre-se o risco de
acabar atrelando a imagem da
empresa a algo não muito positivo", diz Rui Branquinho, diretor de criação da W/Brasil.
As primeiras reações começaram a aparecer ontem. O
Santander pediu às agências
bancárias que retirassem o material da campanha realizada
com seis jogadores da seleção,
que tiveram atuação decepcionante no sábado. Até o início da
tarde de ontem, agências no
centro de São Paulo ainda exibiam cartazes com atletas.
Patrocinadora oficial do Brasil, a Vivo decidiu tirar do ar o
filme publicitário com técnicos
da seleção, no qual também estava Parreira. Vai focar suas
ações de mídia nos serviços e
benefícios da empresa.
O Guaraná Antarctica continuou a veicular ontem o filme
em que jogadores saem do caminhão em um campo de futebol sob os aplausos dos torcedores. A troca não foi considerada necessária pela empresa.
A agência da empresa, a Duda
Propaganda, informa que a nova estratégia de comunicação
deve começar a ser rediscutida
hoje ou amanhã e, no momento, continua tudo como está.
Logo após o jogo da seleção, no
intervalo da novela da rede
Globo, o filme foi veiculado.
Nada, no entanto, lembra a
situação que envolveu a Nike,
patrocinadora oficial da seleção. No dia do jogo, a empresa
veiculou pela primeira vez o
novo filme publicitário que
enaltece, com elogios rasgados,
o jogador Ronaldo -isso após o
material ter ficado dias na gaveta. Quando foi ao ar, a seleção
perdeu. Falta de sorte ou não, a
companhia decidiu manter a
ação. Segundo a Nike, o filme é
uma homenagem à carreira do
atleta e estava preparado já na
primeira fase da Copa.
Fazer, a toque de caixa, a troca de campanhas nas emissoras
não é tarefa fácil -as TVs não
estimulam esse tipo de coisa,
apurou a Folha. Só quem já tinha a fita no ponto, preparada
para isso, fez a mudança. Foi o
caso da Brahma. A Globo tirou
o filme em que Ronaldo chuta
várias bolas para fora e colocou
no ar um filme criado pelo publicitário Nizan Guanaes, da
agência Africa. Nele, Zeca Pagodinho lê um texto consolador após a atuação sofrível do
time. "Esquematizamos tudo
antes e tínhamos um filme para se o Brasil vencesse e outro
[o do Zeca] caso perdesse", diz
Paula Lindenberg, gerente de
marketing da Brahma.
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