São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Vale lança ações em Paris e quer US$ 14 bi

Empresa anuncia que busca locais para produzir com custo menor; Oriente Médio e África estão na mira

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
MARCELO NINIO
ENVIADO A ST-PREX (SUÍÇA)

Listada em Nova York e em São Paulo, a Vale anunciou que lançará ações na Bolsa Euronext Paris. A mineradora quer atrair investidores para sua oferta global e captar ao menos US$ 14 bilhões, reforçando-se para investimentos -de US$ 59 bilhões- e aquisições.
Desde o ano passado, a companhia planejava vender papéis na Bolsa de Paris e julgou conveniente tomar a decisão agora, com a oferta global. Ontem, a Vale informou que os prospectos da companhia com os dados da oferta estão disponíveis na SEC, a comissão de valores mobiliários norte-americana.
O valor captado pode chegar a US$ 15 bilhões, dependendo da demanda. Caso a demanda supere esse valor e os papéis lançados não sejam suficientes, a Vale fará um rateio entre os investidores que fizerem a reserva dos papéis. A oferta é coordenada pelo Credit Suisse.
A Vale não anunciou ainda a data de início e término da oferta nem o prazo para os investidores fazerem as reservas dos papéis. Informou apenas que a emissão poderá ser lançada a partir de hoje.
Antes do período de reservas de ações, apurou a Folha, a companhia concederá um prazo de 10 a 15 dias para que os investidores tomem conhecimento dos termos da oferta e tenham tempo de estudar o prospecto da companhia.
Para não perder o controle da companhia, os principais acionistas da Vale -Previ, Bradespar (Bradesco), Mitsui e BNDESpar- decidiram subscrever o número de ações ordinárias proporcional às suas participações para manter a mesma composição acionária.
Essas empresas estão reunidas na Valepar, holding que controla a Vale, com 52,3% das ações ordinárias e 31,9% do capital total da companhia. Ao final da oferta, a participação em ações ON não terá alteração.
Na Valepar, por sua vez, a composição acionária, em ordinárias, é a seguinte: a Previ com 59,1%; a Bradespar com 17,4%; a Mitsui com 15%; e o BNDESpar com 9,5%.

Novos locais
O alto custo da energia e a burocracia no Brasil estão levando a Vale a procurar locais pelo mundo onde possa produzir de forma eficiente e mais barata. Oriente Médio, América Latina e África são as regiões na mira do gigante da mineração.
Segundo o presidente da Vale, Roger Agnelli, já há "dois ou três grandes projetos" em estudo em países do Oriente Médio.
A idéia é transferir a última fase da produção de alumínio para um desses países. A energia cara incomoda a Vale, mas a burocracia também desestimula a produção no Brasil, como ocorre com as licenças ambientais, cuja emissão pode levar até oito anos.
Agnelli esteve ontem em St-Prex, um vilarejo suíço com pouco menos de 5.000 habitantes, onde a Vale começa a construir a sua nova sede internacional. Ela custará US$ 50 milhões e deve ficar pronta na segunda metade de 2009. Para atrair a segunda maior mineradora diversificada do mundo, a Prefeitura de St-Prex usou um artifício bem suíço: ofereceu alívio fiscal. A empresa brasileira não pagará imposto sobre o faturamento por até dez anos.


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