São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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INDÚSTRIA

Empresas lucram com aumento das vendas internas, exportação e preço alto

Cenário favorável eleva os ganhos das siderúrgicas

Reuters
Vista da mina de Sossego, da Vale, em Carajás, no Pará; companhia registrou a maior produção de minério de sua história


DA REPORTAGEM LOCAL,
DA AGÊNCIA FOLHA E
DA FOLHA ONLINE

O aumento da demanda internacional por produtos siderúrgicos e a conseqüente alta dos preços contribuíram para elevar os ganhos das principais empresas do setor. Nos últimos dias, CST, CSN e Gerdau divulgaram em seus balanços resultados positivos influenciados também pelo reaquecimento do mercado interno.
Segundo Pedro Galdi, analista do setor siderúrgico do ABN Amro, nem a adoção, pelo governo chinês, de políticas para brecar o crescimento do país foi suficiente para prejudicar as vendas do setor. "O mercado não ressentiu a China. A crescente demanda dos EUA compensou o impacto da redução chinesa."
O aquecimento do mercado norte-americano foi um dos fatores que ajudaram o grupo Gerdau a lucrar R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre, 134% acima do período de janeiro a junho do ano passado. Os ganhos foram obtidos em parte pelo aumento de produtividade das usinas do grupo na América do Norte.
Para a analista de siderurgia Catarina Pedrosa, do Banif Investment, a operação internacional do grupo foi beneficiada pela redução dos preços de matérias-primas, como a sucata.
"Há três anos o mercado internacional representava cerca de 42% do faturamento total. Hoje, chegamos à marca dos 64%", diz o vice-presidente sênior do grupo Gerdau, Frederico Gerdau Johannpeter.
As exportações beneficiaram praticamente todas as empresas do setor. No entanto o reaquecimento interno poderá levá-las a um dilema: exportar, e arcar com custos elevados, ou vender para o mercado interno a preços abaixo dos praticados no exterior.
As vendas internas da Gerdau evoluíram 19%, para 2 milhões de toneladas, impulsionadas principalmente pelo setor industrial.
Para Pedrosa, uma conseqüência do aumento das vendas das siderúrgicas para o mercado interno será a elevação dos preços. Nesse caso, a Gerdau, segundo ela, terá mais dificuldades porque seus produtos são voltados para setores ainda estagnados, como a construção civil.
O faturamento consolidado do grupo Gerdau chegou a R$ 11,3 bilhões (crescimento de 51% em relação ao mesmo período do ano passado), dos quais R$ 7,2 bilhões são provenientes das vendas e da produção no mercado externo.
A CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), maior fabricante mundial de placas de aço, foi outra que aproveitou o bom momento do mercado internacional. A empresa lucrou R$ 592 milhões no 2º trimestre, com crescimento de 86% na comparação com igual período do ano passado.
No primeiro semestre, o lucro acumulado pela companhia atingiu R$ 767 milhões, com aumento de 30% em relação aos seis primeiros meses do ano passado.
As receitas líquidas da CST somaram R$ 1,258 bilhão entre abril e junho, com expansão de 37% ante o resultado do mesmo período do ano passado. No semestre, as receitas cresceram 16%, totalizando R$ 2,216 bilhões.

Vale do Rio Doce
A crescente demanda global levou a Companhia Vale do Rio Doce a registrar, no segundo trimestre, a maior produção de minério de ferro de sua história. O recorde foi obtido com o volume de 51,516 milhões de toneladas -aumento de 9,3% na comparação com igual período do ano passado.
No primeiro semestre, a produção atingiu 98 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% em relação ao mesmo período de 2003.
O analista do ABN Amro acredita que o balanço da empresa também deverá mostrar resultados bastante positivos. "O trimestre já vai pegar os resultados obtidos pelo aumento de 18,62% praticado pela Vale."

Capacidade
As empresas do setor siderúrgico estão utilizando praticamente toda a capacidade instalada. Segundo analistas, o índice de ocupação varia de 90% a 95%.
"As indústrias podem produzir 34 milhões de toneladas de aço e atualmente produzem 32 milhões", disse Galdi.
Para evitar gargalos, o grupo Gerdau anunciou que vai acelerar os investimentos no Brasil para suprir o mercado interno.
Praticamente todas as usinas estão recebendo investimentos. O objetivo é ampliar as capacidades de produção existentes, especialmente em Ouro Branco (MG) e na Gerdau Aços Finos Piratini (RS).


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