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Indústria do trigo quer zerar taxa de importação
Oferta argentina não supre demanda do Brasil e compra ficará cara, diz entidade
Moinhos podem trazer 900 mil toneladas de Canadá e EUA com preço mais alto e tarifa de 10% sobre o cereal de países extra- Mercosul
DA REUTERS
Na próxima safra, a Argentina, tradicional fornecedora de
trigo dos moinhos brasileiros,
não atenderá à demanda do
Brasil, que terá de comprar 900
mil toneladas de países que não
integram o Mercosul, o que implica incidência da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%
para importação do cereal de
países externos ao bloco.
O alerta foi feito pela Associação Brasileira da Indústria
do Trigo (Abitrigo), que defende que a alíquota seja zerada já.
A associação concluiu que a
produção do vizinho não atenderá toda a necessidade brasileira com base nos registros de
exportação da Argentina na safra 2006/7. Os outros produtores têm preços mais elevados,
que ficarão ainda mais altos por
conta da TEC, diz o presidente
da entidade, Samuel Hosken.
A Abitrigo já havia chamado
a atenção para a necessidade de
comprar, este ano, fora da Argentina, um milhão de toneladas. Mas, diz Hosken, os altos
preços no mercado internacional e a manutenção da TEC
frustraram os planos da entidade, que organizou um consórcio para fazer as compras.
O abastecimento de trigo é
uma questão delicada, afirma
Hosken, porque os estoques do
governo praticamente acabaram e a safra nacional foi quebrada pela seca. De acordo com
ele, a produção caiu de 4,8 milhões, em 2005, para 3,4 milhões de toneladas. "Uma safra
de 3,4 milhões de toneladas é
muito pequena. E já está se falando em 3,1 milhões, sujeito a
problemas de qualidade."
A Abitrigo estima que o Brasil terá de importar, no total,
6,5 milhões de toneladas. E que
a Argentina produzirá 14 milhões de toneladas, dos quais
usará 6 milhões de toneladas.
"Sobram 8 milhões de toneladas para venda externa. Mas,
até 26 de julho, os registros de
exportação estavam em 3,31
milhões, ou seja, os argentinos
terão disponíveis para novas
vendas 4,7 milhões." Ele salientou que, das declarações de
vendas já realizadas, o Brasil
tem só 400 mil toneladas e poderá obter, no máximo, mais
450 mil, por meio de transferência de compromissos com
outros destinos. Ainda precisaria comprar 5,65 milhões de toneladas, volume que ultrapassa
em 955 mil toneladas os 4,7 milhões disponíveis. "Por isso,
pleiteamos TEC zero", disse o
dirigente, frisando que o governo está ciente do problema. "É
preciso para fechar contratos
com o Canadá e os EUA, onde o
preço está em US$ 200 dólares
por tonelada. Se não for agora e
se só tivermos TEC zero daqui
a seis meses, quando não tiver
mais trigo, não vai adiantar,
porque aí vamos trazer trigo
(de outras origens) a US$ 220,
US$ 230 dólares." O trigo da safra velha é cotado na Argentina
a 165 dólares por tonelada.
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