São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

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Ouro recebe até US$ 2 bi de investimento

Produção brasileira do metal tende a duplicar, para ficar entre 90 e 110 toneladas anuais na metade da próxima década

Valorização do ouro anima mineradoras a investir em projetos de expansão; preço internacional se firma em torno de US$ 900 por onça

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Estudo do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), do Ministério de Minas e Energia, estima que, no período de 2007 a 2013, a mineração de ouro no país receba investimentos entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões.
Esses recursos devem fazer com que a produção brasileira do metal duplique, passando das 49,6 toneladas no ano passado para a faixa de 90 a 110 toneladas anuais na metade da próxima década, dizem especialistas. Apenas neste ano, o crescimento deve ficar entre 15% e 20%. Antônio Lannes, gerente de Dados Econômicos do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), prevê que em 2011 o Brasil esteja com produção anual de 80 toneladas.
No levantamento do DNPM, a tendência de "alta consistente" da cotação do ouro é apontada como um dos fatores a impulsionar a produção do país.
Segundo o estudo, "condições geológicas favoráveis, estabilidade política, crescimento da economia e desenvolvimento da cultura de mineração tornam o Brasil atrativo para novos investimentos".
De acordo com Agostinho Tibério Marques, vice-presidente de Finanças e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti, "a crise da economia norte-americana aumentou o interesse de grandes e pequenos investidores em diversificarem seus portfólios e incluírem o ouro como parte de suas carteiras".
Esse movimento passou a ocorrer a partir do aumento do déficit da economia dos EUA. Antes, portanto, da crise imobiliária do "subprime".
O aumento da procura por investimento no metal e a demanda nos emergentes China e Índia -nesses casos, para a confecção de jóias- animaram a AngloGold, que tem sede na África do Sul, a investir no Brasil. Segundo Marques, a empresa deve aplicar US$ 900 milhões no país de 2007 a 2013. Até 2015, pretende aumentar a produção em 30%.

Triplicar
A Kinross, sediada no Canadá, triplica a produção da Rio Paracatu Mineração a partir deste mês, passando de 5 toneladas para 15 toneladas anuais, afirma José Roberto Freire, presidente do grupo no Brasil.
"Há quatro anos a cotação do ouro era de US$ 410 por onça, e o custo de operação e produção do metal era alto." A partir de 2005, a valorização foi vertiginosa, até chegar a US$ 900.
"Isso vem se mantendo, o que leva mineradoras a executar projetos de expansão e a investir no aumento de suas reservas", afirma. A Kinross aplica US$ 540 milhões em mina localizada em Paracatu (MG).
Juvenil Félix, diretor-presidente da Mineração Serras do Oeste Ltda., diz que a empresa, braço da canadense Jaguar Mining, se prepara para avançar de 4 toneladas neste ano para a faixa de 17 a 19 toneladas em 2013. Sem que houvesse a alta do ouro, isso não seria possível.
Para José Inácio Cortelazzi Franco, diretor da Anoro (Associação Nacional do Ouro), "no médio prazo a demanda deve permanecer, dando suporte ao preço internacional". Lannes, do Ibram, concorda: o metal "sempre tem mercado".
Hécliton Henriques, presidente do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos), chama a atenção para a oportunidade de aproveitar a valorização para agregar valor. "Há campo para trabalhar a matéria-prima e fabricar jóias, gerando empregos e renda."


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