São Paulo, terça-feira, 04 de agosto de 2009

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Ações atingem maiores cotações do ano

Dados positivos sobre bancos e percepção maior de que recessão global pode estar perto do fim animam os mercados

Da Ásia às Américas, índices das Bolsas atingem seus maiores patamares de 2009; dólar cai pelo mundo e preço das commodities sobem


"FINANCIAL TIMES"

Os mercados mundiais de ações subiram ao mais alto nível do ano na segunda-feira, estimulados pelos lucros superiores aos esperados no maior banco europeu e pela confiança crescente de que a pior recessão global em décadas pode estar próxima do fim. A poderosa alta nas ações levou o S&P 500, índice de referência da Bolsa de Nova York, a superar os mil pontos pela primeira vez desde o começo de novembro, para 1.002, após alta de 1,53%, e conduziu o principal índice europeu de ações a um novo recorde para 2009.
No Brasil, o índice Ibovespa ganhou 2,25% e atingiu 55.997, o mais alto patamar desde agosto de 2008. Já as ações asiáticas subiram às suas mais altas cotações em 11 meses. As ações em alguns dos maiores bancos mundiais desfrutaram dos mais impressionantes ganhos depois que o HSBC anunciou lucros anteriores aos impostos de US$ 5 bilhões no primeiro semestre do ano, e o britânico Barclays anunciou alta de 8% em seu resultado provisório de lucros.
"Pode ser que tenhamos passado ou estejamos a ponto de passar pelo fim do ciclo de queda nos mercados financeiros", disse Stephen Green, presidente do conselho do HSBC. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, subiu em 1,6%, para sua maior marca desde outubro. Os números mais fortes da indústria nos Estados Unidos, na China, na zona do euro e no Reino Unido alimentaram o otimismo quanto à possível recuperação global.
"No momento, temos uma grande história, e estou falando do crescimento. Um mês atrás, os investidores queriam saber se o ritmo de queda estava se reduzindo, neste mês, estão se perguntando não se a economia mundial está em crescimento, mas que ritmo de expansão será capaz de atingir", disse Marc Chandler, analista da Brown Brothers Harriman.
O Barclays reportou receita recorde de US$ 26,7 bilhões no trimestre, e US$ 4,8 bilhões de lucro, com a ajuda do forte desempenho do Barclays Capital, sua divisão de investimentos. John Varley, o presidente do banco, não pediu desculpas por uma estrutura de remuneração que pode resultar em bonificações quase recorde para milhares de funcionários do Barclays Capital. Disse que o banco precisava oferecer pacotes de remuneração competitivos para recrutar os melhores talentos.
O HSBC reportou queda de 50% em seus lucros do primeiro trimestre, para US$ 5 bilhões, mas o lucro da divisão de investimentos subiu de US$ 2,6 bilhões, para US$ 6,2 bilhões.

Dólar em queda
À medida que as ações subiram nos mercados globais, o dólar e o iene, que vinham servindo como refúgio para os investidores contra o tumulto do mercado, despencavam. A moeda norte-americana caiu à sua mais baixa cotação diante de uma cesta de divisas desde outubro. A libra subiu em 1,1%, para US$ 1,6907 dólar, a cotação mais alta da moeda britânica em dez meses.
Os preços das commodities, muito importantes para a Bolsa brasileira, apresentaram alta generalizada, atingindo suas mais altas marcas do ano, estimulados pela demanda renovada por ativos de risco. O petróleo cru padrão Brent subiu a quase US$ 74 por barril, ou 75% de janeiro para cá.
Os metais básicos, entre os quais cobre, alumínio, zinco, chumbo e níquel, subiram entre 4% e 6%. O açúcar branco chegou à sua cotação mais alta em 26 anos.

Roubini
Nouriel Roubini, o economista da Universidade de Nova York que sempre esteve entre os mais pessimistas dos analistas da crise financeira, declarou que "à medida que a economia mundial avança em direção ao crescimento, deixando a recessão, veremos novas altas nos preços das commodities, especialmente no ano que vem".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Colaborou a Redação



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