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Indústria sai lentamente da recessão
Primeiro semestre de 2009 foi o pior da história do setor, segundo o IBGE, mas dados dos últimos meses mostram retomada
Medidas de desoneração tributária, consumo interno e melhora nas exportações impulsionam setores como linha branca e construção
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Abalada pela crise, a produção da indústria brasileira caiu
13,4% no primeiro semestre
deste ano, o pior índice da série
histórica do IBGE iniciada em
1976. Mas o setor já sinaliza
uma recuperação nos dados
mensais mais recentes, sob impacto da desoneração tributária, do consumo doméstico
aquecido e de uma pequena
melhora nas exportações.
Após dois trimestres em queda, a indústria cresceu 3,4% de
abril a junho na comparação livre de influências sazonais com
o primeiro trimestre de 2009.
O dado, dizem especialistas,
mostra que o setor saiu da recessão.
De maio para junho, também
na taxa sem influências sazonais, houve expansão de 0,2%
-menos do que o 1,2% de maio.
Foi o sexto mês consecutivo de
crescimento nessa base de
comparação, segundo o IBGE.
Em relação a junho de 2008, a
queda ficou em 10,9%.
A melhora no trimestre não
compensa a queda causada pela
crise. Desde o colapso em setembro de 2008 até junho de
2009, a produção acumula perda de 13,6% -o tombo foi de
20% em dezembro.
Para Isabela Nunes, gerente
do IBGE, a indústria vive uma
fase "lenta e gradual" de recuperação, embora opere num
ritmo de produção bem mais
moderado do que em 2008.
Com a crise, a produção voltou
aos níveis de 2006.
"Há uma retomada, mas o nível de atividade não decolou
ainda", diz Leonardo Melo, do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada).
De um lado, avalia Melo, o
consumo doméstico cresce na
esteira da renda mais elevada,
de estoques mais baixos e da
pequena reação das exportações -especialmente para a
China. Para Sérgio Vale, da MB
Associados, os investimentos
não respondem à melhora da
expectativa de empresários e
demoram a reagir porque o
parque industrial ainda está
com capacidade ociosa.
Com isso, a produção de bens
de capital (máquinas e equipamentos) caiu 24,4% no primeiro semestre, o pior resultado
dentre as categorias. De maio
para junho, cresceu 2,1%.
Para Nunes, do IBGE, o dado
de junho sinaliza um início de
reação dos investimentos, centrada em máquinas para energia elétrica, informática, caminhões e construção civil -neste último caso, já um reflexo da
redução da cobrança de IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) no setor.
A desoneração tributária
também impulsionou direta ou
indiretamente o desempenho,
de maio para junho, de veículos
(alta de 2,6%) e siderurgia (2%)
-fornecedora do setor automobilístico. Fez ainda o subsetor de eletrodomésticos de linha branca -como geladeiras e
fogões- ser um dos poucos a
crescer em junho frente junho.
As quedas de maior impacto
na produção industrial no primeiro semestre ficaram com os
ramos de veículos (-23,6%),
máquinas e equipamentos
(-29%) e siderurgia (27,9%).
Apesar da perspectiva melhor para o segundo semestre,
só em 2010 a indústria voltará a
produzir no ritmo pré-crise, diz
Marcela Prada, da Tendências.
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