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Importações crescem, e superávit da balança comercial cai em julho
Para especialistas, queda do dólar tende a reduzir saldo; recuo nas vendas de soja também influencia
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo terceira vez consecutiva, as importações brasileiras
cresceram ante o mês anterior.
Em julho, o aumento das compras do exterior, aliado à queda
das exportações, levou à redução do saldo comercial.
Especialistas dizem que a
desvalorização do dólar, que
voltou para a casa de R$ 1,90,
poderá tornar a queda do saldo
da balança uma tendência no
segundo semestre. A valorização cambial torna as importações mais baratas e faz com que
as empresas exportadoras tenham faturamento menor.
Em julho, o saldo foi de US$
2,92 bilhões, o terceiro maior
do ano. Mas, se comparado com
o mesmo mês de 2008 e com junho, houve queda de 12% e
42,2%, respectivamente. As
importações somaram US$
9,84 bilhões, 4% mais altas que
em junho; as exportações, US$
14,46 bilhões, 10,7% menores
que no mês anterior.
O secretário de Comércio
Exterior, Welber Barral, classificou como "quase estabilidade" o aumento das importações
no mês passado. Ele disse que
esse resultado foi muito influenciado pelas compras de
produtos farmacêuticos, que
cresceram 35%, principalmente por causa das encomendas
feitas pelo governo.
Segundo o Ministério da Saúde, a compra de medicamentos
fora do padrão nos últimos três
meses foi de Tamiflu, o remédio usado no tratamento da gripe suína, que somou R$ 60 milhões (cerca de US$ 30 milhões). O valor representa 17%
do total de medicamentos importados pelo país.
Barral acredita que a valorização cambial poderá surtir
efeito no aumento das importações e consequente queda do
saldo comercial a partir de "setembro ou outubro". Ele disse
que a cotação mais baixa da
moeda americana estimula
principalmente a compra de insumos pelas indústrias. Esses
produtos têm maior participação na pauta de importações do
que os bens de consumo, que
também poderão ser mais importados por causa da retomada do crescimento econômico.
"Pode ser que o saldo do segundo semestre seja menor
que do mesmo período do ano
passado. O dólar mais baixo gera incentivos à importação."
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação
de Comércio Exterior do Brasil), diz que o saldo comercial
de todo o ano de 2009 será menor que o de 2008. Ele disse que
já previa alta das importações
de matérias-primas e bens intermediários (usados na produção industrial) a partir de julho. "A queda do saldo era previsível e vai continuar."
A AEB aposta em saldo da balança de US$ 21 bilhões neste
ano, ante US$ 24,7 bilhões em
2008. No ano, o superávit acumulado é de US$ 16,913 bilhões.
Outro motivo para a queda
do saldo no mês passado foi a
redução de 48% das exportações de soja. Barral disse que os
embarques da commodity foram antecipados para junho, o
que piorou o quadro das exportações brasileiras.
China
As exportações para a China,
que virou o maior parceiro comercial do Brasil, caíram 21,7%
em julho em comparação com o
mesmo mês do ano passado e
34,4% ante junho.
Barral disse que a redução
das exportações para o país
asiático é consequência da antecipação dos embarques de soja para junho. Mas também
houve redução das vendas de
aviões, papel, couros e máquinas e equipamentos. Barral
acredita que a queda nas vendas não seja uma tendência.
As importações da China
também caíram no mês passado (34%) em relação a julho de
2008, por causa das compras
menores de aparelhos eletrônicos, máquinas e equipamentos.
Até julho, o país tem saldo de
US$ 4,38 bilhões com a China.
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