São Paulo, terça-feira, 04 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Facebook cresce no Brasil e estimula desenvolvedores

Mark Zuckerberg, criador da rede com 250 milhões de usuários, visita o país pela 1ª vez

Número de usuários brasileiros na rede social dobrou nos últimos três meses, estimulando planos de concorrência com o Orkut


Marcelo Justo/Folha Imagem
Mark Zuckerberg, criador do Facebook, no Hotel Unique, em São Paulo

DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não fosse a equipe que o acompanha, seguindo seus passos e cronometrando quanto tempo ele tem para falar, Mark Zuckeberg, de jeans, camiseta e tênis, passaria por um jovem comum de 25 anos. Sua fortuna, estimada pela revista "Forbes" em US$ 1,5 bilhão, não deixa dúvida de que o criador da rede social Facebook é um dos principais nomes da tecnologia e da economia no mundo.
Zuckerberg visita o Brasil pela primeira vez nesta semana para lançar uma competição para desenvolvedores de aplicativos (www.facebook. com/desafiofacebook). Também aproveita para enfatizar a importância do mercado brasileiro, cujo número de usuários dobrou nos últimos três meses, passando a 1,3 milhão -no mundo, a rede conta com 250 milhões de usuários ativos. Em entrevista concedida à Folha, Zuckerberg fala sobre os planos do Facebook.

 

FOLHA - Quais são os planos do Facebook para o Brasil?
MARK ZUCKERBERG
- O Facebook é um projeto mundial, que quer que as pessoas compartilhem informações e fiquem conectadas com a família e com os amigos, tornando o dia a dia mais divertido. Para termos sucesso, nós temos que ter sucesso em todos os países. O Brasil é um grande país, onde o Facebook está crescendo. Obviamente estamos atrás do maior jogador do mercado [o Orkut]. Mesmo que sejamos pequenos e não sejamos a principal rede que as pessoas usam agora, se focarmos em construir o melhor produto, com o tempo, os usuários vão mudar para o melhor.

FOLHA - Como funciona o Facebook Connect [ferramenta que permite acessar conteúdo postado na rede social a partir de qualquer site]?
ZUCKERBERG
- Você quer comprar livros, por exemplo, e pode ver que livros seus amigos olharam ou compraram recentemente. Também pode receber recomendações de acordo com o que você coloca na sua seção de livros favoritos. Trata-se de personalização. São informações que se tornam úteis pelo que elas agregam.

FOLHA - E como fica a questão da privacidade?
ZUCKERBERG
- O grande ponto do Facebook Connect é que você aperta um botão e escolhe que informações quer compartilhar. O Beacon [criticada plataforma de publicidade] foi, de certa forma, uma versão anterior disso. Fizemos coisas incorretas. Definitivamente, o Facebook cometeu erros em relação a proteções. Mas sempre demos muita importância à privacidade, a dar controle às pessoas. As pessoas acham que o Facebook é um ambiente seguro e confiável, que não conta com muito spam e onde elas fornecem informações reais sobre si mesmas.

FOLHA - Qual a importância da Microsoft para o Facebook?
ZUCKERBERG
- No lado direito do Facebook, há banners. A Microsoft tem exclusividade para vender anúncios em banners. Fizemos um acordo em um tempo em que tínhamos 10 milhões de usuários, quando espalhar o Facebook para o mundo era mais fácil. Agora, a maioria dos anúncios estão sendo vendidos pelo próprio Facebook, mas a Microsoft ainda é um parceiro importante.

FOLHA - Falando em Microsoft, qual é a sua opinião sobre o acordo da empresa com o Yahoo!?
ZUCKERBERG
- Acho que não tenho uma opinião. Acabei de voltar de uma floresta tropical, não tive tempo de pensar sobre isso (risos).

FOLHA - Quais são os planos do Facebook para os próximos anos?
ZUCKERBERG
- A maioria dos usuários está fora dos EUA. O quão grande o Facebook vai se tornar depende do quão grande a internet se tornará. Ela está crescendo rapidamente. Todo mundo que usa computador vai querer se conectar com os amigos. Se nós fizermos o nosso trabalho bem, podemos alcançar ainda mais gente. Se não, outro site fará isso.

FOLHA - A crise econômica afetou algum plano?
ZUCKERBERG
- Não muito. Tem sido um ano intenso. Meus mentores em negócios falam que companhias verdadeiramente boas são construídas em tempos de recessão. A razão para isso é que, quando o tempo está bom, há um grande número de competidores. Na recessão, você pensa em fornecer um bom serviço. Podemos crescer um pouco mais lentamente, mas crescemos. Esperamos que 2010 seja melhor.

FOLHA - Como você lida com a pressão de ser um jovem bilionário?
ZUCKERBERG
- Muito do que eu foco em fazer agora é bem similar ao que eu fazia quando criei o Facebook. Na universidade, eu fazia várias coisas. Hoje, também. Nunca tive foco em dinheiro. E o Facebook é público, não tenho realmente tanto dinheiro. Pode ser que em algum ponto do futuro eu possa ganhar algum. Acordo de manhã, vou pro escritório, trabalho até tarde, volto para casa, durmo. Nada muito diferente de uma pessoa comum.


Texto Anterior: Importações crescem, e superávit da balança comercial cai em julho
Próximo Texto: Petróleo 1: Governo deve anunciar regra para o pré-sal até o dia 18
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.