São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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EM TRANSE

Atividade industrial quase não cresce pelo segundo mês seguido; Bolsas têm dia ruim como no pós-atentados terroristas

Indústria dos EUA pára, mercados desabam

DA REDAÇÃO

As Bolsas norte-americanas viveram ontem seu pior dia em praticamente um ano. As ações sofreram a maior queda desde o dia 17 de setembro do ano passado, quando os mercados reabriram depois da paralisação provocada pelos ataques terroristas contra Nova York e Washington.
No primeiro dia de negócios após as férias de agosto (anteontem não houve mercado por causa do feriado do Dia do Trabalho nos EUA), os investidores foram recebidos com as notícias de que a indústria norte-americana permaneceu estagnada no mês passado e de que cresceu o ritmo de demissões. Com a perspectiva de lentidão econômica nos próximos meses, os preços das ações caíram.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York iniciou setembro, historicamente o pior mês para os mercados, com uma queda de 4,1%. O Standard & Poor's 500, que lista as 500 maiores empresas dos EUA, recuou 4,15% -tombo não visto desde o pós-atentados.
O aniversário dos ataques terroristas tem sido apontado pelos analistas como motivo adicional para a queda nas Bolsas. Temendo um novo ataque, investidores colocaram ações à venda, aproveitando os lucros obtidos no mês passado. Pesa ainda a possibilidade de um conflito contra o Iraque.
As fraudes também continuam a influenciar os ânimos de Wall Street. O Citigroup, que terá devassado seu envolvimento nos escândalos da Enron e da Worldcom, despencou mais de 10% ontem -o maior tombo entre os componentes do Dow Jones.
"É o dia da volta às aulas", disse Mark Tinker, estrategista do Commerzbank em Londres. "As Bolsas ficaram presas a margens estreitas durante agosto, mas agora as férias acabaram."

Mês cruel
Depois das férias de agosto, quando o volume de negócios despenca, os investidores costumam ajustar suas carteiras de investimentos em setembro, o que geralmente faz do mês o pior do ano para os mercados financeiros. Nos últimos 50 anos, as ações caíram em média 0,4% no mês.
As perdas foram grandes também entre as tecnológicas, e a Nasdaq caiu 3,88%. As ações da Intel cederam 5% e puxaram as perdas. A notícia, não confirmada, de que a IBM demitirá 4.000 funcionários fez os papéis do grupo declinarem 4%. Os cortes ocorreriam na divisão de consultoria da PricewaterhouseCoopers, adquirida recentemente pela fabricante de computadores.
"É um balde de água fria nos investidores, que começavam a ficar otimistas", comentou Charles Payne, analista de mercado da Wall Street Strategies.
As perdas nos mercados financeiros se estenderam para Europa, para Ásia e até para o Brasil. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, recuou para o menor patamar em quase 19 anos.

Economia patina
No mês passado, a indústria norte-americana emperrou. O índice de atividade industrial do ISM (Instituto de Gerenciamento de Fornecimento, na sigla em inglês) ficou em 50,5 pontos, mesma marca registrada em julho e abaixo das expectativas dos analistas, que previam, em média, que o índice iria a 51,6 pontos em agosto.
Pela metodologia do ISM, leituras acima de 50 pontos denotam expansão. Abaixo disso, indicam retração. Dessa maneira, a indústria dos EUA, setor mais afetado durante a recessão do ano passado, cresceu pelo sétimo mês consecutivo. Mas o ritmo de expansão tem ficado próximo de zero.
De acordo com a consultoria Challenger, Gray & Christmas, as companhias dos EUA anunciaram 118 mil demissões no mês passado, 46% a mais que julho.


Com agências internacionais


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