São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARGENTINA

País não fecha acordo com FMI devido a esses dois Poderes, diz ministro

Lavagna critica Justiça e Congresso

DE BUENOS AIRES

O ministro argentino Roberto Lavagna (Economia) responsabilizou a Justiça e o Congresso pela dificuldade do governo de chegar ao acordo com o FMI.
"Os homens do Fundo sentem que, cada vez que eles se aproximam do acordo, é a Argentina que muda as condições", disse Lavagna antes de se reunir com John Thornton, chefe da missão do FMI que desembarcou em Buenos Aires pela manhã.
O ministro se referia à decisão do Congresso de impedir o reajuste de empréstimos bancários pela inflação e a sentença da Corte Suprema que determinou a restituição do corte de 13% nos salários de servidores e aposentados, vigente desde julho de 2001. Essas duas decisões levaram o FMI a afirmar que falta "consenso político" para haver acordo.
Apesar do fracasso, Lavagna disse que a diretoria do Fundo deve formalizar amanhã a aprovação da rolagem por um ano de um empréstimo de US$ 2,8 bilhões que vence na segunda-feira.
Com isso, o FMI, que já adiou o pagamento de US$ 4 bilhões neste ano, daria uma folga para a Argentina avançar nas exigências e chegar a um acordo definitivo.
"Gostaria que essa não fosse uma negociação em cotas. O objetivo é um acordo de pelo menos um ano, porque isso nos ajudaria a reduzir as dúvidas [do mercado" e a receber novos investimentos", disse Lavagna. O próximo vencimento importante será em novembro. O país deve pagar US$ 800 milhões ao Banco Mundial, dívida que não pode ser adiada sem o acordo com o FMI.
As restrições para o saque de depósitos bancários vigentes desde dezembro continuam sendo o principal empecilho do acordo.
Segundo o jornal "Clarín", o governo divulga nesta semana uma nova solução parcial para o "corralito", que prevê a possibilidade de trocar os depósitos congelados por títulos dessas mesmas instituições. Para atrair os correntistas, os papéis, que têm um prazo de resgate de 10 anos, vão garantir a devolução dos depósitos em dólar.(JS)


Texto Anterior: Opinião Econômica - Paulo Rabello de Castro: Eleições 2002: previdência inteligente
Próximo Texto: Uruguai pode deixar de pagar os fornecedores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.