São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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EXPORTAÇÃO

Movimento ainda é lento, mas alguns bancos já procuram empresas

Linhas de crédito começam a voltar

ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento ainda é lento, mas, aos poucos, começam a voltar as linhas de financiamento ao comércio exterior para o Brasil. O maior acesso ao crédito, no entanto, tem se restringido a grandes empresas exportadoras ou a aquelas que sejam clientes tradicionais de bancos estrangeiros.
Segundo a Folha apurou, a Cosipa e a Usiminas conseguiram, recentemente, acesso a linhas de crédito à exportação. A informação foi confirmada por um banco estrangeiro que forneceu financiamento às empresas.
O Lloyds TSB também fechou, na semana passada, operações de crédito para comércio exterior para duas empresas -uma do setor de mineração e outra do ramo de papel e celulose. Segundo Alaerte Cafeu, diretor do Lloyds, as transações somaram US$ 57 milhões.
No entanto, segundo Cafeu, ainda não há um forte movimento de retomada do crédito externo para o país. "Demos o financiamento porque eram clientes tradicionais do banco", diz ele.
Segundo Ernesto Meyer, diretor do BNP Paribas, a instituição está voltando a ofertar linhas para exportação, como a fechada recentemente com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
Geralmente, as operações que estão sendo oferecidas às empresas brasileiras são as de pré-pagamento. As empresas que já têm uma venda externa acertada procuram os bancos para antecipar o crédito que têm para receber no futuro. Quando a exportação é consumada, o importador paga diretamente ao banco credor.
Cláudia Hausner, diretora de mercado de capitais do Banif Primus, confirma que o financiamento está voltando lentamente. Segundo ela, não há a oferta de linhas novas, mas os bancos estão reabrindo as que haviam sido congeladas. "Os bancos voltaram a ligar para empresas para dizer que têm linhas", disse ela.
A informação é confirmada por José Augusto de Castro, da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). "Já há alguns bancos ligando para empresas de primeira linha para oferecer crédito. Mas o setor não espera que antes da eleição presidencial possa haver a normalização", diz.
Segundo o diretor de um banco estrangeiro, embora algumas empresas estejam conseguindo renovar linhas que já possuíam, o mercado secundário de papéis de operações de financiamento externo continua parado. Sinal de que, se houver de fato uma recuperação em curso, será lenta.
Ontem, o presidente do BC, Armínio Fraga, disse, durante "conference call" com investidores, que as linhas externas estão voltando. Um sinal disso seria a demanda reduzida pelas linhas leiloadas pelo BC.
Analistas, no entanto, não acreditam que a razão dessa rejeição seja a retomada do financiamento. Segundo eles, a principal causa da fraca demanda são as altas taxas embutidas nessas linhas.
O economista da consultoria Tendências Danny Rappaport diz que, se já é percebida no mercado a volta de algumas linhas destinadas ao comércio exterior, em outras modalidades de crédito os negócios continuam parados.
"Linha de crédito pura e simples, que não se destina ao comércio exterior, quase não existe. Isso se reflete na grande dificuldade que as empresas enfrentam para rolar suas dívidas externas", diz.


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