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Dados indicam que EUA terão "pouso suave"
Ganhos reais dos salários compensam queda dos gastos com habitação e sinalizam desaceleração gradual em vez de recessão
A preocupação que o Fed tem com o crescimento reforça a projeção de alguns bancos estrangeiros de que os juros caiam já em 2007
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O desaquecimento do setor
imobiliário nos Estados Unidos
está sendo, em parte, compensado pelo mercado de trabalho.
Os gastos com habitação entre
os norte-americanos estão
caindo a uma taxa anualizada
de 20%. Em contrapartida, os
salários reais dos trabalhadores
estão crescendo a uma taxa
próxima de 4% ao ano.
Os dados são importantes
porque, embora a desaceleração da área imobiliária possa se
estender para outros setores,
sinalizam mais um desaquecimento gradual do que uma recessão na maior economia do mundo. Isso é essencial para
países como o Brasil, que dependem muito do cenário externo para crescer.
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos Estados Unidos), por sua vez, tem deixado
claro que, apesar de muito zeloso com a inflação, não descuida
do crescimento do país.
Há o temor de apertar demais a economia se os juros subirem excessivamente. Foi em nome da atividade econômica
nos Estados Unidos que o comitê de política monetária
americano, o Fomc, similar ao
Copom brasileiro, interrompeu a elevação dos juros lá, segundo a ata da última reunião divulgada na semana passada.
O comunicado do Fed, após a
reunião do dia 8 de agosto já observava que o "crescimento
econômico desacelerou...".
Economistas projetam crescimento abaixo de 2,5% nos próximos trimestres.
A revisão do PIB (Produto
Interno Bruto) norte-americano do segundo trimestre veio
ainda abaixo do consenso do
mercado, a uma taxa anualizada de 3%.
A alta foi de 2,9%, "o que corrobora a análise de moderação
no ritmo de crescimento da atividade nos Estados Unidos em
curso nos últimos meses", segundo Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria.
Contenção de gastos
Outras crises no mercado de
imóveis foram acompanhadas
de desaceleração do PIB, além
da diminuição dos gastos das
famílias. Mas há outros dados
que fortalecem a probabilidade
de que a desaceleração econômica seja forte, mas não leve a
uma recessão.
As exportações crescem de
forma significativa, assim como
a renda das famílias tem se expandido. Os balanços das empresa têm vindo com bons lucros. Investimentos não-residenciais continuam robustos.
Mas isso pode não continuar
assim, se o efeito do desaquecimento imobiliário, de fato, se
espalhar. A alta dos juros e dos
preços da energia podem contribuir para a contenção do
consumo das famílias norte-americanas, reduzir os bons
números no mercado de trabalho e segurar a demanda. A desaceleração de outras economias também poderá cortar o
aumento das exportações.
A preocupação que o Fed tem
demonstrado com o crescimento da economia reforça a
projeção de alguns bancos estrangeiros, como o UBS, de que
os juros norte-americanos voltem a cair já no ano que vem.
Para Marcelo Ribeiro, economista-chefe da Pentágono Asset Management, ainda não se sabe se o que aguarda a economia dos Estados Unidos é uma
recessão, um forte desaquecimento ou um crescimento moderado.
"O cenário de recessão, porém, não está precificado nos
prêmios de risco, moedas, Bolsas de países emergentes e nos
preços das commodities, que,
em alguns mercados, estão no
maior nível em décadas", diz
Ribeiro, que recomenda cautela na aplicação de recursos.
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