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Justiça mantém teles fixas em leilão de internet sem fio
Decisão contraria agência reguladora, que queria mais competição no segmento
Processo de licitação de faixas de freqüência começa hoje, com a entrega das propostas pelas empresas interessadas no serviço
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça manteve ontem as
concessionárias de telefonia fixa local no leilão para a compra
de faixas de freqüências para
prestação do serviço de acesso
à internet em banda larga sem
fio. A licitação começa hoje,
com a entrega da documentação das empresas interessadas
e da proposta de preço, que deverá ser aberta no dia 18.
De acordo com as regras do
edital, as teles fixas não poderiam apresentar propostas financeiras para as áreas comuns
à região na qual detêm concessão. Ou seja: a Telefônica, por
exemplo, não poderia apresentar propostas para comprar faixas de freqüência em São Paulo. Mas nada impedia que a empresa comprasse faixas de freqüência em outras regiões.
Na quinta-feira, as concessionárias de telefonia fixa, por
meio de sua associação (Abrafix, Associação Brasileira de
Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo Comutado), haviam conseguido liminar anulando essa cláusula do edital.
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações), responsável pelo edital, recorreu, mas
sem sucesso. Ainda cabem outros recursos, mas, com a liminar em vigor, as fixas poderão
apresentar propostas para todas as áreas, inclusive para suas
próprias áreas de concessão.
A agência reguladora afirma
que restringiu a participação
das teles para estimular a competição. Segundo a Anatel, como as teles já oferecem serviço
de acesso à internet em alta velocidade por meio de suas linhas fixas, é preciso estimular a
entrada de novas empresas para ampliar a competição.
A idéia da agência era que as
concessionárias de telefonia fixa local (Telefônica, Telemar e
Brasil Telecom) passassem a
competir entre si no oferecimento de acesso à internet em
banda larga. Por esse raciocínio, a Telefônica, por exemplo,
poderia comprar faixas de freqüência no Rio de Janeiro e
competir com a Telemar no
fornecimento de acesso em alta
velocidade à internet.
A mesma restrição às operadoras de telefonia fixa vale
também para as de telefonia celular. Isso porque o edital estende a restrição às empresas
controladoras, controladas ou
coligadas com as teles fixas locais. Dessa forma, empresas como a Vivo (ligada à Telefônica)
e a Oi (Telemar) também não
poderiam comprar faixas de
freqüência onde as fixas atuam.
A Oi, no entanto, conseguiu
liminar individual, na sexta-feira à noite, para participar do
leilão. Até ontem à noite, a Anatel ainda não havia conseguido
cassar essa liminar.
Disputa
Por trás do leilão há uma disputa entre a Anatel e o Ministério das Comunicações. No início de agosto, o ministério enviou dois ofícios à Anatel pedindo o adiamento da licitação
e a suspensão do regulamento
sobre uso de faixas de freqüência para TV por assinatura por
meio de microondas.
A argumentação do ministério era que o destino dado pela
Anatel a essas faixas de freqüência poderia entrar em conflito com programas de inclusão digital do governo. A Anatel
negou os pedidos do ministro
Hélio Costa (Comunicações).
Costa disse, então, que interviria na Anatel, editando uma
portaria que tornasse sem efeito a licitação. A portaria ainda
não foi publicada. Segundo a
Folha apurou, não há consenso
no governo sobre a medida.
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