São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Metalúrgicos ameaçam parar montadoras em SP

Empresas oferecem repor inflação, sem ganho real


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem proposta de aumento salarial das montadoras, os metalúrgicos podem cruzar os braços a partir das próximas semanas. No Estado de São Paulo, 65 mil trabalhadores de empresas fabricantes de veículos aguardam as negociações que ocorrem hoje com representantes do Sinfavea (sindicato das montadoras) na tentativa de firmar um acordo salarial.
O impasse na campanha salarial começou na semana passada, quando as montadoras ofereceram repor somente a inflação acumulada nos últimos 12 meses -sem conceder aumento real- e um abono fixo no valor de R$ 650.
"As montadoras comemoram mês após mês recorde nas vendas, portanto, têm mais do que condições de oferecer um bom aumento real. Não queremos abono, e sim ganho real incorporado nos salários", diz José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um dos coordenadores das negociações salariais da CUT. "Se convertido em aumento real, esses R$ 650 significam 0,8% de aumento. É muito pouco para quem está lucrando tanto."
Em julho, a produção das montadoras cresceu 20,3% em relação a igual mês de 2006. Já as vendas bateram recorde histórico -foram comercializadas 217,4 mil unidades, o que representou aumento de 31,1% no mesmo comparativo. No acumulado de 2007, contra igual intervalo no ano passado, as altas foram de 8,4% e 26,6%, respectivamente.
Os empregados das montadoras pedem, entre outros itens, reajuste acima da inflação (o percentual do ganho real não foi divulgado) e aumento de 20% para o valor do piso salarial, que hoje é de R$ 1.030. Nessa negociação estão representados cerca de 50 mil funcionários que trabalham em montadoras representadas por sindicatos ligados a CUT, Força Sindical e CGTB. A assembléia para decidir o rumo da campanha salarial está marcada para o próximo sábado.
No grupo 9, que reúne as empresas de máquinas e eletrônicos, 65 mil empregados também podem parar. Na última sexta-feira, o aviso de greve foi entregue aos representantes do setor patronal, que ofereceram reajuste de 6%, o que inclui 1,74% de aumento real. A proposta foi recusada pelos trabalhadores.
As empresas do setor de autopeças também não fecharam ainda acordo salarial. Na reunião prevista para amanhã, os sindicalistas aguardam uma proposta de aumento.

Montadoras no interior
No interior paulista, 15 mil metalúrgicos de montadoras representados pela Conlutas (central ligada ao PSTU) e Intersindical também ameaçam fazer greve. Eles pedem 13,5% de reajuste salarial -o que inclui inflação, aumento real e ganho de produtividade.
Participam dessa negociação os trabalhadores de quatro fábricas -GM, Toyota, Honda e MBB nas cidades de São José dos Campos e Campinas.
"Se não houver proposta salarial decente das montadoras, na quarta-feira [amanhã] temos assembléia para definir paralisação", diz Luiz Carlos Prates, secretário-geral do sindicato de São José dos Campos.


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