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Metalúrgicos ameaçam parar montadoras em SP
Empresas oferecem repor inflação, sem ganho real
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem proposta de aumento
salarial das montadoras, os metalúrgicos podem cruzar os
braços a partir das próximas semanas. No Estado de São Paulo, 65 mil trabalhadores de empresas fabricantes de veículos
aguardam as negociações que
ocorrem hoje com representantes do Sinfavea (sindicato
das montadoras) na tentativa
de firmar um acordo salarial.
O impasse na campanha salarial começou na semana passada, quando as montadoras ofereceram repor somente a inflação acumulada nos últimos 12
meses -sem conceder aumento real- e um abono fixo no valor de R$ 650.
"As montadoras comemoram mês após mês recorde nas
vendas, portanto, têm mais do
que condições de oferecer um
bom aumento real. Não queremos abono, e sim ganho real incorporado nos salários", diz José Lopez Feijóo, presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, um dos coordenadores
das negociações salariais da
CUT. "Se convertido em aumento real, esses R$ 650 significam 0,8% de aumento. É muito pouco para quem está lucrando tanto."
Em julho, a produção das
montadoras cresceu 20,3% em
relação a igual mês de 2006. Já
as vendas bateram recorde histórico -foram comercializadas
217,4 mil unidades, o que representou aumento de 31,1%
no mesmo comparativo. No
acumulado de 2007, contra
igual intervalo no ano passado,
as altas foram de 8,4% e 26,6%,
respectivamente.
Os empregados das montadoras pedem, entre outros
itens, reajuste acima da inflação (o percentual do ganho real
não foi divulgado) e aumento
de 20% para o valor do piso salarial, que hoje é de R$ 1.030.
Nessa negociação estão representados cerca de 50 mil funcionários que trabalham em
montadoras representadas por
sindicatos ligados a CUT, Força
Sindical e CGTB. A assembléia
para decidir o rumo da campanha salarial está marcada para
o próximo sábado.
No grupo 9, que reúne as empresas de máquinas e eletrônicos, 65 mil empregados também podem parar. Na última
sexta-feira, o aviso de greve foi
entregue aos representantes do
setor patronal, que ofereceram
reajuste de 6%, o que inclui
1,74% de aumento real. A proposta foi recusada pelos trabalhadores.
As empresas do setor de autopeças também não fecharam
ainda acordo salarial. Na reunião prevista para amanhã, os
sindicalistas aguardam uma
proposta de aumento.
Montadoras no interior
No interior paulista, 15 mil
metalúrgicos de montadoras
representados pela Conlutas
(central ligada ao PSTU) e Intersindical também ameaçam
fazer greve. Eles pedem 13,5%
de reajuste salarial -o que inclui inflação, aumento real e ganho de produtividade.
Participam dessa negociação
os trabalhadores de quatro fábricas -GM, Toyota, Honda e
MBB nas cidades de São José
dos Campos e Campinas.
"Se não houver proposta salarial decente das montadoras,
na quarta-feira [amanhã] temos assembléia para definir
paralisação", diz Luiz Carlos
Prates, secretário-geral do sindicato de São José dos Campos.
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