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Analistas nos Estados Unidos recomendam investir no Brasil
WILLIAM J. HOLSTEIN
DO "NEW YORK TIMES"
Quando se fala em investimentos, muitos americanos associam a palavra "estrangeiro"
a alto risco. Consultores geralmente aconselham a não ter
mais de 10% a 20% de papéis
estrangeiros em sua carteira de
ações. Do contrário, os investidores podem ter grandes perdas na eventualidade de uma
crise externa, como a asiática,
nos anos 1990.
Mas a última rodada de problemas financeiros globais começou em casa, nos EUA, como
resultado da crise nas hipotecas de alto risco ("subprime").
Desta vez, os EUA exportaram
volatilidade ao resto do mundo.
Ao menos é esse o argumento
de especialistas financeiros, para quem os investidores não devem olhar para os EUA como
um refúgio seguro. Ao contrário, dizem que deveriam ter
parte importante de suas carteiras em fundos de ações de
empresas não-americanas.
É o que defende, por exemplo, Uri Landesman, do banco
ING Americas. Ele defende que
investidores individuais devem
ter de 40% a 50% de sua carteira em investimentos fora dos
Estados Unidos. "Compre um
fundo que não tenha ações dos
EUA", diz Landesman.
Ellen Rinaldi, executiva da
administradora de fundos Vanguard, diz que os investidores
não devem tomar decisões
apressadas por causa da volatilidade no mercado interno,
mas acrescenta que faz sentido
para o investidor médio ter
20% de seus investimentos em
fundos de ações estrangeiros.
"Buscar os 20% seria uma boa
diversificação", diz Rinaldi, para quem passar de 30% já seria
mais arriscado.
Mercados emergentes tradicionalmente eram vistos como
os de maior risco no mundo,
mas ao longo de muitos anos
eles vêm atraindo uma enxurrada de dinheiro e tendo forte
desempenho. "Não são mais os
mercados emergentes do tempo do seu pai", diz Arthur P.
Steinmetz, que administra US$
20 bilhões em ativos no Oppenheimer Funds, dos quais US$
5 bilhões em emergentes.
Steinmetz, baseado em Nova
York, diz que a maioria dos
mercados emergentes está
muito mais sofisticada e estável
do que há dez anos, na crise
asiática. Ele ressalta que o Brasil, por exemplo, tem US$ 160
bilhões em reservas internacionais e que sua dívida externa,
antes motivo de preocupação,
encolheu dramaticamente, e o
país está muito mais preparado
para enfrentar a volatilidade.
"A proteção que o Brasil tem
contra um contágio da crise externa é muito maior do que costumava ser", diz ele.
Embora Steinmetz diga que é
uma boa hora para comprar
fundos de países emergentes,
Antoine van Agtmael, chefe da
Emerging Markets Management, recomenda que o investidor espere mais um pouco por
causa das altas recentes nos
preços das ações. "Os mercados
emergentes estão com preços
altos", diz Van Agtmael, cuja
empresa administra US$ 20 bilhões em investimentos em
mercados emergentes.
Ele diz que os emergentes
são uma boa aposta nos próximos cinco anos, mas não nos
próximos meses.
Embora Steinmetz e Van
Agtmael discordem sobre o
momento de investir, eles compartilham a visão de que uma
maior desvalorização do dólar e
outros rearranjos macroeconômicos necessários para reduzir
as dívidas dos Estados Unidos
com o resto do mundo tornam
o investimento em papéis no
exterior cada vez mais importante. "Diria que estar exposto
a papéis internacionais denominados em outras moedas
que não o dólar é uma proteção
útil", diz Steinmetz.
A Van Agtmael, o autor de
"The Emerging Markets Century" ("O Século dos Mercados
Emergentes"), é atribuída a
criação do termo "mercados
emergentes" no início dos anos
1980. Ele argumenta que mudanças estruturais nos mercados emergentes significam que
eles estão estáveis o suficiente
para o investidor norte-americano médio.
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