São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

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COMÉRCIO EXTERIOR

Após recordes, metas para a balança comercial são elevadas; superávit no ano deverá alcançar US$ 42 bi

Ministério já prevê exportações de US$ 117 bi

JULIANNA SOFIA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Desenvolvimento reavaliou sua meta para as exportações neste ano e aposta que chegarão a US$ 117 bilhões até dezembro. Segundo o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), o superávit da balança comercial deverá alcançar US$ 42 bilhões, dependendo do comportamento das importações nos próximos meses.
Até agora, o governo vinha trabalhando com uma meta de US$ 112 milhões para as exportações e de US$ 38 bilhões para o saldo da balança em 2005. Com as novas projeções, Furlan avalia que também será preciso rever a meta para o ano que vem, que projetava US$ 120 bilhões para as exportações. "Aparentemente a meta de 2006 precisará ser revista. Vamos fazer isso no mês que vem", disse.
Ele afirmou que o Brasil não precisa de superávits comerciais tão elevados quanto os US$ 41 bilhões já alcançados nos últimos 12 meses. "Os US$ 40 bilhões são exagerados. O Brasil não precisa de superávits desse tamanho. Precisa de dinamismo na economia", afirmou o ministro, que declarou estar torcendo pela elevação das importações.
Na avaliação dele, o desempenho do Brasil no comércio exterior é favorecido pelo cenário mundial, com o crescimento dos EUA, da China e de alguns países europeus. Ele acrescentou, porém, que as empresas brasileiras estão conseguindo diversificar mercados. Furlan tentou minimizar os efeitos da crise política sobre a economia, afirmando que é nas turbulências que se testa o equipamento e a pilotagem. "Lá no ministério, nunca pensamos que o avião Brasil vai cair", disse.

Resultado de setembro
Mesmo com a queda do dólar, o saldo da balança comercial continua crescendo e chegou a US$ 4,329 bilhões no mês passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. O valor é 18% maior do que o registrado em agosto e foi obtido apesar da queda sofrida pelas exportações.
Em setembro, as vendas de produtos brasileiros ao exterior somaram US$ 10,635 bilhões, contra US$ 11,346 bilhões observados em agosto. A queda é creditada ao menor número de dias úteis do mês passado, o que afeta os embarques para fora do país.
O recuo nas exportações não afetou o superávit da balança comercial porque foi acompanhado por uma queda nas importações -entre agosto e setembro, as compras de mercadorias estrangeiras caíram de US$ 7,676 bilhões para US$ 6,306 bilhões.
No ano, o resultado também é positivo: entre janeiro e setembro, o saldo acumulado pela balança ficou em US$ 32,671 bilhões -perto dos US$ 33,666 bilhões de todo o ano de 2004.

Efeito do dólar
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, minimizou o impacto que a queda do dólar possa ter sobre o desempenho do comércio exterior. "Os números mostram que, apesar de tudo, as exportações continuam crescendo", afirmou.
Do lado das importações, a expectativa é que haja um aumento nas encomendas nos próximos meses, devido à proximidade das festas de fim de ano. Entre janeiro e setembro deste ano, as compras de máquinas e equipamentos fabricados em outros países totalizaram US$ 11,231 bilhões, valor 29% maior do que o registrado em igual período de 2004. Já as encomendas de bens de consumo cresceram 20,5% e chegaram a US$ 6 bilhões.
Meziat disse que as importações têm ficado abaixo do que o governo projetava. "Está havendo um crescimento, mas não naquele nível que nós imaginávamos", disse. Segundo ele, espera-se que, no ano que vem, a economia cresça mais do que neste ano, o que deve impulsionar as importações.


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