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QUEDA-DE-BRAÇO
Custos maiores seriam a justificativa das empresas para pedir aumento em certos itens; varejo diz que não aceita
Indústria e lojas "disputam" reajuste de Natal
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As tabelas de reajustes de preços
da indústria para o comércio nos
produtos de Natal chegam às lojas
com aumentos de um dígito. Há
casos de remarcação de preços
com uma alta inferior a inflação
dos últimos 12 meses. Para os panetones, bebidas e bacalhau já se
bateu o martelo. Porém, nessa
atual queda de braço para se decidir os aumentos, o que deve embolar as conversas entre as partes
é o alegado repique nos custos da
indústria, apurou a Folha.
O setor eletroeletrônico tem reclamado para o varejo do aumento no preço do frete do navio
-meio usado para a importação
dos componentes eletrônicos. A
questão veio à tona nas conversas
que ocorrem entre as partes desde
o final de setembro, quando as negociações para a venda de Natal
começaram. Com a elevada demanda do transporte por conta
da alta nas importações e exportações brasileiras, a oferta de contêineres cai e o preço sobe.
No Porto de Belém (PA), onde
chegam os insumos dessa indústria, localizada em Manaus (AM),
desembarcaram em agosto os
componentes para a comercialização dos eletrônicos para o final
do ano. A chegada de contêineres
cheios cresceu 103,4% sobre julho, segundo o porto.
Frete maior tem peso nos gastos
das companhias e, se a empresa
não quiser absorver esse custo, ele
terá efeito no preço final ao varejo
e ao consumidor.
Ainda há a questão da alta no
valor do combustível determinada há duas semanas pelo governo.
Todos os eletrônicos, como celulares e DVDs, saem de Manaus
para o resto do país pelas rodovias
ou por via marítima.
A questão aí é que o varejo não
quer saber dessa conversa de custos altos, disse um gerente de vendas que terá reuniões com a indústria de televisores na próxima
semana. "Se o dólar caiu, não tem
choro. Não há razão para um aumento salgado", diz ele. O ano de
2005 foi marcado por forte valorização do real, e isso torna todos os
insumos importados mais baratos.
Alimentos e eletrônicos
Exatamente por causa dessa
perda no valor do dólar que as negociações entre lojas e fabricantes
para a venda de itens importados
no Natal foram finalizadas com
reajustes tímidos.
Já está determinado, por exemplo, um aumento de até 5% para
os panetones nas lojas do Carrefour e do grupo Pão de Açúcar, as
duas maiores redes de supermercados do Brasil. A inflação do IPCA, utilizado como meta para o
governo, está em cerca de 6% nos
últimos 12 meses. Estima-se um
aumento de 10% na compra de
panetones neste Natal sobre 2004,
diz o Carrefour. No bacalhau, o
reajuste deve ser zero, na expectativa das lojas. O Pão de Açúcar espera uma alta de 20% nas vendas
ante o ano anterior.
No caso de carnes e aves, o Carrefour trabalha com uma expansão de 10% na demanda, e o Pão
de Açúcar, de 12%. Para vinhos, é
estimada uma alta de 30%, informa o Carrefour.
As negociações de preços de importados -ao contrário dos eletrônicos- já foram fechadas por
uma razão. O varejo queria colocar logo nas lojas certas mercadorias para a venda antecipada e
precisava definir os reajustes logo-caso do panetone que está à
venda desde setembro no Pão de
Açúcar. Nesse caso, os contratos
são discutidos no terceiro trimestre do ano.
A expectativa mais otimista de
venda para o final de ano está no
setor eletrônico. A Semp Toshiba,
por exemplo, espera uma alta de
20% na demanda por seus televisores neste Natal. O foco do negócio está nas TVs de tela plana, que
são alvo de promoções das lojas já
em outubro, numa ação coordenada entre indústria e comércio
para ampliar a demanda pela
mercadoria.
No caso dos brinquedos, toda a
negociação está em suspenso.
Ainda será preciso que o Dia das
Crianças passe para que, com base nas "sobras" que o comércio ficar após a data, seja possível sentar e definir preços e volumes de
venda, explica a Estrela, uma das
maiores empresas da área.
"Setembro não foi um mês muito bom para nós. Tivemos um desempenho pior que o do ano passado, e ainda não é possível dizer
como ficará o final de ano", disse
ontem Carlos Tilkiam, presidente
da Estrela.
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