São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

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Ribeirão Preto tem 10ª morte de bóia-fria

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Pastoral do Migrante de Guariba registrou a décima morte de bóias-frias nos canaviais da região de Ribeirão Preto desde o ano passado. A última vítima, um migrante alagoano, morreu em um canavial de Itápolis no dia 16. Como nos outros casos, a suspeita é que a morte tenha sido causada por excesso de trabalho.
O caso foi notificado na última semana à Pastoral, que investiga a situação, considerada próxima do trabalho escravo, com organismos como a ONU (Organização das Nações Unidas) e o Ministério Público Federal de São Paulo. Hoje, haverá uma audiência pública na USP de Ribeirão.
Após trabalhar o dia todo no corte da cana, o migrante alagoano Domício Diniz, 55, passou mal ao entrar no ônibus. Chegou a ser socorrido, mas morreu.
"Não posso afirmar que foi o excesso de trabalho, mas tudo indica que sim. Ele cortava em média 12 toneladas de cana por dia", disse Avelino Antonio da Cunha, presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Itápolis. "É mais um caso que não pode ficar sem apuração", afirmou Jadir Ribeiro, da Pastoral.
Um estudo da USP mostra que, para cortar dez toneladas de cana, um trabalhador rural precisa desferir 9.700 golpes de podão. Os trabalhadores rurais hoje cortam, em média, 12 toneladas de cana por dia, 50% a mais que a média da década de 1980, que era de oito toneladas diárias.


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