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COMUNICAÇÕES
País só perde para EUA em nº de telefones fixos, celulares e usuários de internet; proliferação de móveis é fenômeno na AL
Brasil é o 2º mercado de teles das Américas
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
Estudo divulgado ontem pela
UIT (União Internacional de Telecomunicações) mostra que o
Brasil é o segundo maior mercado
de telecomunicações das Américas, mas o fosso que separa os
EUA dos países latino-americanos permanece gigantesco. Os
EUA concentram 70% dos usuários de internet, 60% dos telefones
fixos e 48% dos celulares da região. O Brasil, que vem em segundo, tem 8% dos usuários de internet, 14% dos telefones fixos e 18%
dos móveis.
O levantamento foi apresentados na abertura do Telecom Americas 2005, congresso internacional promovido pela UIT, organização sediada em Genebra. É a segunda vez que o Brasil recepciona
o evento. A primeira foi em 2000,
no Rio, quando o mercado de telecomunicações ainda experimentava a euforia que antecedeu
o estouro da bolha da internet.
O levantamento da UIT faz um
raio-X das telecomunicações nas
Américas e mostra que fenômenos que acontecem no Brasil, como a estagnação da telefonia fixa
e a explosão dos celulares pré-pagos, repetem-se em quase todos
os países vizinhos. Enquanto na
Ásia o número de telefones fixos
cresceu 12% nos últimos quatro
anos, nas Américas o crescimento
foi de só 0,7%. O aumento médio
mundial foi de 5,6% no período.
Segundo o subsecretário-geral
da UIT, Roberto Blois, o fenômeno nas Américas está diretamente
ligado à proliferação dos celulares
pré-pagos. As operadoras priorizam a expansão das redes de celulares, que têm menor custo de instalação e tarifa mais elevada. A
maior preocupação da UIT em relação à região é com a demora na
inclusão digital, sobretudo fora
dos centros urbanos. O estudo
destaca que o Brasil possui um
fundo para financiar a universalização do serviço, o Fust, criado
após a privatização da Telebrás,
que já acumula US$ 1,7 bilhão
sem nunca ter sido utilizado.
A telefonia fixa brasileira estagnou em 39 milhões de linhas há
três anos, enquanto o número de
celulares em uso chegou a 80 milhões. Mesmo com a estagnação
do serviço fixo, a Telefônica (operadora com atuação no Estado de
São Paulo) e a Brasil Telecom
(que explora o serviço nas regiões
Sul, Centro-Oeste e parte do Norte) tiveram as maiores taxas de
aumento de receita da América,
no ano passado: 22,7% e 21,5%,
respectivamente, segundo a UIT.
A Telemar ficou em quinto lugar,
com 8% de aumento de receita.
Fora do Brasil, as maiores taxas de
aumento de receita do serviço fixo
aconteceram na Argentina.
Curiosidade
Nos EUA, diminuiu o número
de telefones fixos em uso. Segundo a UIT, a razão foi a popularização da banda larga, que fez muitas
famílias dispensarem a segunda
linha. O estudo traz uma curiosidade: a maior densidade de telefones fixos das Américas está em
Bermudas, paraíso fiscal do Caribe, por causa da quantidade de
bancos e de escritórios de advocacia para atender as empresas
"offshore". Lá, há 86 telefones fixos por cem habitantes. Outro paraíso fiscal, o das Ilhas Virgens,
tem densidade telefônica pouco
menor do que a de EUA e Canadá.
Outro ponto do estudo é a análise dos efeitos da privatização sobre a oferta de serviços. O documento diz que 74% das operadoras de telefonia originadas do poder público foram privatizadas,
mas que não há conexão clara entre privatização e aumento da
densidade telefônica na região.
Há países que resistiram à privatização e possuem alta densidade
telefônica -como o Uruguai, que
tem 30 telefones fixos por 100 habitantes- e outros com taxas mínimas, como Honduras (5,3 linhas por 100 habitantes). A Guatemala, apesar da privatização,
tem 8,9 linhas telefônicas a cada
100 habitantes.
Celulares
O estudo destaca o forte processo de aquisição e fusão de empresas de telefonia celular na região,
nos últimos dois anos, que resultou no fortalecimento da América
Móvel, do grupo Telmex (controlada por Carlos Slim Helu, o homem mais rico da América Latina), e da espanhola Telefónica.
A maior operadora de telefonia
celular da América Latina e Caribe é a Telcel, do México, com 28,8
milhões de assinantes em dezembro do ano passado. As quatro seguintes no ranking são do Brasil:
Vivo (26,54 milhões de clientes)
Claro (13,6 milhões), TIM (13,66
milhões) e Telemar PCS (Oi), com
6,86 milhões. Todos os dados são
relativos a dezembro de 2004.
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