São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

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COMUNICAÇÕES

País só perde para EUA em nº de telefones fixos, celulares e usuários de internet; proliferação de móveis é fenômeno na AL

Brasil é o 2º mercado de teles das Américas

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Estudo divulgado ontem pela UIT (União Internacional de Telecomunicações) mostra que o Brasil é o segundo maior mercado de telecomunicações das Américas, mas o fosso que separa os EUA dos países latino-americanos permanece gigantesco. Os EUA concentram 70% dos usuários de internet, 60% dos telefones fixos e 48% dos celulares da região. O Brasil, que vem em segundo, tem 8% dos usuários de internet, 14% dos telefones fixos e 18% dos móveis.
O levantamento foi apresentados na abertura do Telecom Americas 2005, congresso internacional promovido pela UIT, organização sediada em Genebra. É a segunda vez que o Brasil recepciona o evento. A primeira foi em 2000, no Rio, quando o mercado de telecomunicações ainda experimentava a euforia que antecedeu o estouro da bolha da internet.
O levantamento da UIT faz um raio-X das telecomunicações nas Américas e mostra que fenômenos que acontecem no Brasil, como a estagnação da telefonia fixa e a explosão dos celulares pré-pagos, repetem-se em quase todos os países vizinhos. Enquanto na Ásia o número de telefones fixos cresceu 12% nos últimos quatro anos, nas Américas o crescimento foi de só 0,7%. O aumento médio mundial foi de 5,6% no período.
Segundo o subsecretário-geral da UIT, Roberto Blois, o fenômeno nas Américas está diretamente ligado à proliferação dos celulares pré-pagos. As operadoras priorizam a expansão das redes de celulares, que têm menor custo de instalação e tarifa mais elevada. A maior preocupação da UIT em relação à região é com a demora na inclusão digital, sobretudo fora dos centros urbanos. O estudo destaca que o Brasil possui um fundo para financiar a universalização do serviço, o Fust, criado após a privatização da Telebrás, que já acumula US$ 1,7 bilhão sem nunca ter sido utilizado.
A telefonia fixa brasileira estagnou em 39 milhões de linhas há três anos, enquanto o número de celulares em uso chegou a 80 milhões. Mesmo com a estagnação do serviço fixo, a Telefônica (operadora com atuação no Estado de São Paulo) e a Brasil Telecom (que explora o serviço nas regiões Sul, Centro-Oeste e parte do Norte) tiveram as maiores taxas de aumento de receita da América, no ano passado: 22,7% e 21,5%, respectivamente, segundo a UIT. A Telemar ficou em quinto lugar, com 8% de aumento de receita. Fora do Brasil, as maiores taxas de aumento de receita do serviço fixo aconteceram na Argentina.

Curiosidade
Nos EUA, diminuiu o número de telefones fixos em uso. Segundo a UIT, a razão foi a popularização da banda larga, que fez muitas famílias dispensarem a segunda linha. O estudo traz uma curiosidade: a maior densidade de telefones fixos das Américas está em Bermudas, paraíso fiscal do Caribe, por causa da quantidade de bancos e de escritórios de advocacia para atender as empresas "offshore". Lá, há 86 telefones fixos por cem habitantes. Outro paraíso fiscal, o das Ilhas Virgens, tem densidade telefônica pouco menor do que a de EUA e Canadá.
Outro ponto do estudo é a análise dos efeitos da privatização sobre a oferta de serviços. O documento diz que 74% das operadoras de telefonia originadas do poder público foram privatizadas, mas que não há conexão clara entre privatização e aumento da densidade telefônica na região. Há países que resistiram à privatização e possuem alta densidade telefônica -como o Uruguai, que tem 30 telefones fixos por 100 habitantes- e outros com taxas mínimas, como Honduras (5,3 linhas por 100 habitantes). A Guatemala, apesar da privatização, tem 8,9 linhas telefônicas a cada 100 habitantes.

Celulares
O estudo destaca o forte processo de aquisição e fusão de empresas de telefonia celular na região, nos últimos dois anos, que resultou no fortalecimento da América Móvel, do grupo Telmex (controlada por Carlos Slim Helu, o homem mais rico da América Latina), e da espanhola Telefónica.
A maior operadora de telefonia celular da América Latina e Caribe é a Telcel, do México, com 28,8 milhões de assinantes em dezembro do ano passado. As quatro seguintes no ranking são do Brasil: Vivo (26,54 milhões de clientes) Claro (13,6 milhões), TIM (13,66 milhões) e Telemar PCS (Oi), com 6,86 milhões. Todos os dados são relativos a dezembro de 2004.


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