São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Após 4 meses, estrangeiros voltam à Bolsa

Saldo externo fica positivo em R$ 182,34 mi em setembro; no acumulado do ano, resultado ainda é negativo em R$ 2,25 bi

Entre maio e agosto, Bovespa viu fuga líquida de recurso externo de R$ 5,6 bi, sob o temor de aumento maior de juros nos EUA


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quatro meses perdendo recursos externos, a Bovespa pôde comemorar a entrada líquida de capital estrangeiro em seu pregão.
Em setembro, o saldo das compras e vendas de ações de companhias brasileiras feitas por estrangeiros ficou positivo em R$ 182,34 milhões.
A virada para terreno positivo nesse balanço só se deu nos últimos dias do mês passado: até o dia 25 de setembro, o saldo de negócios realizados pelos estrangeiros estava negativo em R$ 87,71 milhões.
Abril foi o último mês em que esse balanço de compras e vendas de ações havia terminado positivo (em R$ 1,19 bilhão). Entre maio e agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo perdeu líquidos R$ 5,6 bilhões em capital externo.
O segmento adquiriu R$ 14,377 bilhões em ações brasileiras no mês passado e vendeu R$ 14,195 bilhões.
A volta do investidor estrangeiro para o mercado acionário doméstico era aguardada havia várias semanas.
O processo de fuga de dinheiro da Bolsa começou em meados de maio, quando o mercado global se assustou com a possibilidade de os juros seguirem subindo ainda por longo tempo nos Estados Unidos.
Mas o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) deixou de subir as taxas de juros do país no começo de agosto, após 17 elevações consecutivas.
A perspectiva de continuidade na elevação dos juros básicos americanos acabou por fazer com que as taxas pagas pelos títulos do Tesouro dos EUA subissem. Em períodos assim, os grandes fundos de investimento internacionais procuram se desfazer de ativos (como ações e títulos da dívida) de emergentes e correrem para os papéis do Tesouro americano. Foi esse movimento que prejudicou a Bolsa local.

Impulso
A entrada de recursos externos na Bolsa paulista nos últimos dias de setembro ajuda a explicar o fato de o índice Ibovespa (que reúne as 56 ações de maior liquidez) ter conseguido valorização de 4,74% na semana passada.
Mas, no ano, o saldo ainda é bastante ruim, ao marcar resultado negativo de cerca de R$ 2,25 bilhões. Em 2005, esse balanço foi positivo em R$ 5,86 bilhões.
Os estrangeiros respondem, em 2006, por 36% das operações realizadas na Bovespa.
Dessa forma, os movimentos feitos por esse grupo de investidores são decisivos para o resultado da Bolsa. Nos períodos em que as vendas de papéis de empresas brasileiras por parte do segmento batem fortemente as compras, as chances de a Bolsa subir encolhem substancialmente.


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