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Plano passa, mas pessimismo persiste
Medida é aprovada na Câmara dos EUA e assinada por Bush; após abrirem em alta, Bolsas fecham o dia em queda
Socorro de US$ 700 bi no mercado financeiro, o maior da história do país, "era claramente necessário",
diz o presidente Bush
Charles Dharapak/Associated Press
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O presidente Bush assina a nova lei de socorro aos mercados
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Quinze dias depois de o secretário do Tesouro levar ao
Congresso dos EUA duas páginas e meia com um plano que
dava plenos poderes ao governo para fazer a maior intervenção nos mercados financeiros
da história do país, o projeto foi
aprovado e virou lei.
Mas, numa medida do pessimismo em relação à economia
dos EUA e global, as Bolsas fecharam o dia em queda, embaladas por dados negativos sobre
a economia não-financeira.
A versão que o Legislativo
mandou de volta à mesa do presidente George W. Bush, que a
assinou às 14h48 locais de ontem, tinha 451 páginas e incluía
limitações e salvaguardas.
Ainda assim, o principal da
foi mantido: nos próximos dias,
semanas e meses, e por até dois
anos, o titular do Tesouro poderá gastar até US$ 700 bilhões
na compra de títulos ligados a
empréstimos hipotecários
ruins de empresas com dificuldades financeiras, papéis chamados de "podres" ou "tóxicos". Com isso, espera-se, o
mercado financeiro será recapitalizado, num efeito dominó
que desengessaria a economia.
É o testamento econômico
de um governo que tem mais 30
dias de poder de fato e a Guerra
do Iraque no currículo. "Sei que
alguns americanos estão preocupados com essa lei, especialmente quanto ao papel do governo e o custo total", disse
Bush, ao saudar a aprovação.
"Como forte apoiador do livre
mercado, acredito que intervenção governamental deva
ocorrer só quando necessária.
Nessa situação, a ação era claramente necessária."
No momento da aprovação
da lei pela Câmara dos Deputados, a Bolsa de Nova York subia
200 pontos. Mas, no fim do dia,
recuou 1,5%, encerrando sua
pior semana desde os ataques
de 11 de setembro de 2001.
A queda foi embalada pela divulgação dos números do desemprego, o nono mês seguido
de redução de vagas. Esse e outros índices recentes sinalizam
que a chamada "economia real"
já foi atingida pela crise financeira, o que significa que o plano pode ter saído tarde demais
para ter o efeito desejado.
"Isso não é uma panacéia",
disse o megainvestidor Warren
Buffett. "Não resolve todos os
nossos problemas. Só que teria
sido um desastre completo se
não tivesse passado."
"O pacote vai encerrar o pânico alimentado deliberadamente pelo governo Bush para
conseguir passar sua operação-resgate pelo Congresso", disse
Dean Baker, do Centro para
Pesquisa de Políticas Econômicas. "Fora isso, vai fazer muito
pouco para conter a recessão."
A lei foi aprovada por 263 votos a favor, ante 171 contra. Foi
o fim de uma novela legislativa,
em que líderes dos dois partidos majoritários negociaram
ferozmente com suas bases e o
governo republicano e foram
surpreendidos pelo efeito da
reação popular contrária nos
votos.
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