São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Economistas dizem que BC deve adotar novas medidas

Apesar da aprovação do pacote de socorro financeiro nos Estados Unidos, a reação do mercado foi negativa. A Bolsa brasileira caiu 3,5% e o dólar subiu mais de 1%. Ficou claro para o mercado que a recessão será inevitável, mesmo com o pacote.
Para o economista Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central e sócio da Ciano Investimentos, o mais preocupante, no entanto, é que a crise externa está se espalhando no Brasil de forma acelerada, principalmente na área de crédito.
"Está difícil captar recursos e, quando se consegue, o custo é muito alto", diz Goldfajn.
Na quinta à noite, o Banco Central tomou mais uma medida para afrouxar o compulsório, mas seu efeito será limitado. O principal objetivo foi aliviar a situação de alguns bancos pequenos em dificuldades.
Goldfajn afirma que essa não será a única medida. O governo terá de adotar, a seu ver, uma série de outras medidas para tentar melhorar o atual momento de escassez de crédito na economia.
A redução das alíquotas do compulsório sobre os depósitos à vista e a prazo pode ser uma dessas medidas, mas Goldfajn prefere não se pronunciar sobre as alternativas do Banco Central. O compulsório no Brasil é o maior do mundo (ver tabela abaixo).
O economista Octavio de Barros, diretor de pesquisas econômicas do Bradesco, afirma, no entanto, que ninguém deveria achar que a política monetária estaria sendo atropelada ou prejudicada em caso de uma redução mais ampla dos compulsórios.
O economista vai mais longe. Ele não vê problemas, por exemplo, se o Banco Central decidir fazer uma pausa no ciclo de alta dos juros na próxima reunião do Copom.
"Dado o agravamento do cenário externo e seu potencial contágio no Brasil, mesmo nessa hipótese de o Banco Central já ter parado com o ciclo de aumentos, para eventualmente retomar um pouco mais adiante, teria um custo muito modesto em termos de reputação", diz Octavio de Barros. "Acredito que esta seria a hora de não criar muita marola."
Para o economista, os riscos para a política monetária nesta altura do campeonato são desprezíveis.
"Diante do colapso mundial do mercado de commercial papers e de dívida em geral, diante de uma situação de quase travamento do mercado de crédito, para que correr riscos de um acidente que irá macular uma das coisas mais robustas que temos que é o sistema financeiro do país?"

MARÉ BAIXA

Ernani Paciornik, organizador e presidente da feira São Paulo Boat Show, que foi realizada nesta semana, acredita que o mercado náutico no Brasil ainda vai sentir os efeitos da crise. Apesar de ter em exposição no evento produtos de R$ 2,5 milhões, os barcos entre R$ 25 mil e R$ 50 mil estiveram entre os mais procurados. Por enquanto, segundo Paciornik, o crédito, fundamental neste mercado, permanece no mesmo patamar. "O financiamento foi mantido durante o evento", diz. "Lá fora as pessoas estão mais apavoradas, o público aqui ainda está comprando." Durante os seis dias do evento, que terminou nesta semana, movimentou-se R$ 165 milhões, R$ 7 milhões a mais do que na edição de 2007.

NA USINA

A Fundação Energia e Saneamento, que cuida do patrimônio histórico do setor, restaurou quatro Pequenas Centrais Hidrelétricas, desativadas nas décadas de 60, 70 ou 80, em Brotas, Santa Rita do Passa Quatro, Rio Claro e Salesópolis. Juntas, podem gerar 36 mil MWh/ano -o suficiente para abastecer 15 mil residências/ano. A fundação fez a restauração das usinas, que foram submetidas a licitação pública para decidir quem vai operá-las. Há cerca de 110 PCH's desativadas em SP. "Desde que identifiquemos usinas que são patrimônio histórico e que tenham potencial operativo, a intenção é ampliar as restaurações", diz Ricardo Toledo Silva, presidente do conselho curador da fundação.

REFLEXO DA CRISE
Richard Wagoner, presidente mundial da GM, que desembarcaria no Brasil na próxima semana, suspendeu sua viagem ao país. Wagoner viria participar de uma reunião em São Paulo entre presidentes de empresas do Brasil e dos EUA promovida pela Apex.

ALÔ
Um dia após anunciar sua oferta comercial de pré-venda em São Paulo, a Oi teve 100 mil chips vendidos no Estado.

COMPASSO
O coral japonês Roppongi, composto por empresários e políticos, criado por Akio Morita, fundador da Sony, fará uma apresentação, no dia 15, na Sala São Paulo, com patrocínio da Camargo Corrêa e do Bradesco.

NA ÁREA
O IRB-Brasil Re assumiu o risco da Copa do Mundo de Futsal da Fifa 2008, que vai até o dia 19, no Rio e em Brasília. O ressegurador repassou 90% do risco atual ao ressegurador internacional.

AUDIÊNCIA
A CerejaPRN, que cria programação de mídia para veicular em lojas de varejo, e o grupo Pão de Açúcar acabam de fechar acordo para lançar a TV Extra, que terá a nova mídia em 86 hipermercados da rede no país. Com a parceria, a CerejaPRN irá ampliar sua rede para 194 hipermercados no Brasil, com audiência de 54 milhões de consumidores por mês. No ano passado, a empresa lançou a TV Carrefour em 108 hipermercados no Brasil.

FIORDES
Dirigentes de multinacionais norueguesas instaladas no Brasil e de conglomerados brasileiros debaterão sobre responsabilidade social, nos dias 9 e 10, em um evento no Rio de Janeiro, promovido pela CNI e pela Confederação de Empresas Norueguesas. Estarão presentes empresas como Vale, Petrobras e as norueguesas StatoilHydro, de petróleo, a Yara International, de fertilizantes e produtos químicos, e a Norse Energy, de petróleo e gás.

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI



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