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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Economistas dizem que BC deve adotar novas medidas
Apesar da aprovação do pacote de socorro financeiro nos
Estados Unidos, a reação do
mercado foi negativa. A Bolsa
brasileira caiu 3,5% e o dólar
subiu mais de 1%. Ficou claro
para o mercado que a recessão
será inevitável, mesmo com o
pacote.
Para o economista Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central e sócio da Ciano Investimentos, o mais preocupante,
no entanto, é que a crise externa está se espalhando no Brasil
de forma acelerada, principalmente na área de crédito.
"Está difícil captar recursos
e, quando se consegue, o custo é
muito alto", diz Goldfajn.
Na quinta à noite, o Banco
Central tomou mais uma medida para afrouxar o compulsório, mas seu efeito será limitado. O principal objetivo foi aliviar a situação de alguns bancos
pequenos em dificuldades.
Goldfajn afirma que essa não
será a única medida. O governo
terá de adotar, a seu ver, uma
série de outras medidas para
tentar melhorar o atual momento de escassez de crédito
na economia.
A redução das alíquotas do
compulsório sobre os depósitos
à vista e a prazo pode ser uma
dessas medidas, mas Goldfajn
prefere não se pronunciar sobre as alternativas do Banco
Central. O compulsório no Brasil é o maior do mundo (ver tabela abaixo).
O economista Octavio de
Barros, diretor de pesquisas
econômicas do Bradesco, afirma, no entanto, que ninguém
deveria achar que a política
monetária estaria sendo atropelada ou prejudicada em caso
de uma redução mais ampla
dos compulsórios.
O economista vai mais longe.
Ele não vê problemas, por
exemplo, se o Banco Central
decidir fazer uma pausa no ciclo de alta dos juros na próxima
reunião do Copom.
"Dado o agravamento do cenário externo e seu potencial
contágio no Brasil, mesmo nessa hipótese de o Banco Central
já ter parado com o ciclo de aumentos, para eventualmente
retomar um pouco mais adiante, teria um custo muito modesto em termos de reputação",
diz Octavio de Barros. "Acredito que esta seria a hora de não
criar muita marola."
Para o economista, os riscos
para a política monetária nesta
altura do campeonato são desprezíveis.
"Diante do colapso mundial
do mercado de commercial papers e de dívida em geral, diante de uma situação de quase
travamento do mercado de crédito, para que correr riscos de
um acidente que irá macular
uma das coisas mais robustas
que temos que é o sistema financeiro do país?"
MARÉ BAIXA
Ernani Paciornik, organizador e presidente da feira São
Paulo Boat Show, que foi realizada nesta semana, acredita
que o mercado náutico no Brasil ainda vai sentir os efeitos
da crise. Apesar de ter em exposição no evento produtos de
R$ 2,5 milhões, os barcos entre R$ 25 mil e R$ 50 mil estiveram entre os mais procurados. Por enquanto, segundo Paciornik, o crédito, fundamental neste mercado, permanece
no mesmo patamar. "O financiamento foi mantido durante o
evento", diz. "Lá fora as pessoas estão mais apavoradas, o
público aqui ainda está comprando." Durante os seis dias do
evento, que terminou nesta semana, movimentou-se R$ 165
milhões, R$ 7 milhões a mais do que na edição de 2007.
NA USINA
A Fundação Energia e Saneamento, que cuida do patrimônio histórico do setor,
restaurou quatro Pequenas
Centrais Hidrelétricas, desativadas nas décadas de 60,
70 ou 80, em Brotas, Santa
Rita do Passa Quatro, Rio
Claro e Salesópolis. Juntas,
podem gerar 36 mil MWh/ano -o suficiente para abastecer 15 mil residências/ano.
A fundação fez a restauração
das usinas, que foram submetidas a licitação pública
para decidir quem vai operá-las. Há cerca de 110 PCH's
desativadas em SP. "Desde
que identifiquemos usinas
que são patrimônio histórico e que tenham potencial
operativo, a intenção é ampliar as restaurações", diz
Ricardo Toledo Silva, presidente do conselho curador
da fundação.
REFLEXO DA CRISE
Richard Wagoner, presidente mundial da GM, que
desembarcaria no Brasil na
próxima semana, suspendeu
sua viagem ao país. Wagoner
viria participar de uma reunião em São Paulo entre presidentes de empresas do
Brasil e dos EUA promovida
pela Apex.
ALÔ
Um dia após anunciar sua
oferta comercial de pré-venda em São Paulo, a Oi teve
100 mil chips vendidos no
Estado.
COMPASSO
O coral japonês Roppongi,
composto por empresários e
políticos, criado por Akio
Morita, fundador da Sony,
fará uma apresentação, no
dia 15, na Sala São Paulo,
com patrocínio da Camargo
Corrêa e do Bradesco.
NA ÁREA
O IRB-Brasil Re assumiu
o risco da Copa do Mundo de
Futsal da Fifa 2008, que vai
até o dia 19, no Rio e em Brasília. O ressegurador repassou 90% do risco atual ao
ressegurador internacional.
AUDIÊNCIA
A CerejaPRN, que cria
programação de mídia para
veicular em lojas de varejo, e
o grupo Pão de Açúcar acabam de fechar acordo para
lançar a TV Extra, que terá a
nova mídia em 86 hipermercados da rede no país. Com a
parceria, a CerejaPRN irá
ampliar sua rede para 194
hipermercados no Brasil,
com audiência de 54 milhões de consumidores por
mês. No ano passado, a empresa lançou a TV Carrefour
em 108 hipermercados no
Brasil.
FIORDES
Dirigentes de multinacionais norueguesas instaladas
no Brasil e de conglomerados brasileiros debaterão sobre responsabilidade social,
nos dias 9 e 10, em um evento no Rio de Janeiro, promovido pela CNI e pela Confederação de Empresas Norueguesas. Estarão presentes empresas como Vale, Petrobras e as norueguesas
StatoilHydro, de petróleo, a
Yara International, de fertilizantes e produtos químicos, e a Norse Energy, de petróleo e gás.
com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI
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