São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Congressistas com mais doações do setor financeiro votaram "sim"

DE WASHINGTON

Os 263 congressistas que aprovaram o Plano Bush, que prevê a injeção de até US$ 700 bilhões em empresas em dificuldade por conta da crise financeira, receberam 41% mais doações eleitorais dessa indústria, assim como dos setores imobiliário e de seguridade, do que os 171 que votaram contra. O cálculo é do Center for Responsive Politics, de Washington, ONG que vigia o dinheiro dado a políticos em eleições.
No geral, os congressistas que optaram pelo "sim" ontem receberam em média US$ 833 mil cada um dessas indústrias, ante os US$ 589 mil que foram destinados em média aos que disseram "não". Apenas no ciclo eleitoral de 2007-2008, a diferença a favor dos que foram a favor foi de 32%, ou US$ 182 mil ante US$ 138 mil.
Discrepância ainda maior foi encontrada pela entidade na votação de quarta à noite, em que o Senado aprovou a medida com folga. Os 74 senadores que fecharam com o plano do governo receberam 139% mais desses setores do que os 24 que foram contrários, respectivamente US$ 3,9 milhões ante US$ 1,7 milhão cada um em média. Estão excluídas as doações a senadores quando eram pré-candidatos à Presidência, como os democratas Hillary Clinton e Joe Biden.
Desde 1989, os três setores deram mais de US$ 2 bilhões aos políticos de ambas as Casas e seus partidos, ou cerca de 0,30% do total da lei aprovada ontem. Do total, US$ 180 milhões foram dados apenas neste ciclo eleitoral. "Os amigos mais próximos do setor financeiro no Congresso são claramente os que estão apoiando essa medida", disse Sheila Krumholz, diretora da ONG.
Quando é feita a divisão por partido, os republicanos parecem mais comprometidos com os setores em questão que os democratas. Na votação de ontem, os "sim" do partido governista levaram em média US$ 1 milhão das indústrias em campanhas eleitorais, ante US$ 731 mil doados em média aos oposicionistas. Na de quarta, a proporção é inversa, com democratas mais beneficiados.
Tão logo a aprovação foi anunciada, os candidatos majoritários à Casa Branca soltaram declarações em que batem seus próprios tambores. "Estou feliz que tenha suspendido minha campanha para voltar a Washington e ajudar a levar os congressistas republicanos à mesa de negociações", disse John McCain. "Sou grato aos congressistas democratas com quem falei pessoalmente e que apoiaram o plano de resgate", declarou Barack Obama. (SD)


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