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EUA têm maior corte no emprego em 5 anos
As 159 mil vagas eliminadas em setembro, o maior número desde março de 2003, são mais um sinal de que o país caminha para recessão
Bush pode ser o segundo presidente em 69 anos a ter dois anos com 1 milhão de vagas eliminadas, o que
não ocorria desde Truman
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
No mês em que se agravou a
crise no mercado financeiro, o
mercado de trabalho americano teve o maior corte de empregos em mais de cinco anos, aumentando os temores de que a
principal economia mundial
entrará em forte recessão. Em
setembro, foram eliminados
159 mil postos de trabalho, no
corte mais profundo desde
março de 2003, quando os EUA
ainda enfrentavam os resquícios da recessão mais recente.
Os cortes se espalharam por
praticamente todos os setores,
sinalizando que a maior parte
dos setores da economia norte-americana está sentindo os
efeitos da mais grave crise dos
últimos anos. Foi o nono mês
consecutivo de redução de vagas e a pior seqüência desde
2001, ano da última recessão. A
taxa de desemprego permaneceu em 6,1%, a maior desde julho de 2003, em parte porque
muitas pessoas desistiram de
procurar trabalho.
As reduções mais profundas
no mês passado ocorreram na
indústria (51 mil) e no varejo
(40 mil), mas setores em que os
as demissões vinham perdendo
ritmo voltaram a se acelerar. A
construção, área em que a crise
teve início, eliminou 35 mil
postos (22 mil a mais do que no
mês anterior); as atividades financeiras cortaram 17 mil, ante
5.000 em agosto.
Até o mês passado, foram eliminados 760 mil postos de trabalho neste ano, que pode ser o
primeiro desde 2001 a ter mais
de 1 milhão de cortes -algo raro, que, em 69 anos, só aconteceu quatro vezes: 1946, 1949,
1982 e 2001. Para que isso
aconteça, basta que a média de
outubro a dezembro seja igual à
dos nove primeiros meses (cerca de 84 mil cortes). A expectativa de analistas é que não ocorram melhoras significativas
nesse mercado até o fim do ano.
De 1939 para cá, só o democrata Harry Truman (1945-53)
teve dois anos com cortes de
pelo menos 1 milhão de vagas,
com a economia norte-americana enfrentando dificuldades
após a Segunda Guerra, e poderá ter agora a companhia do republicano George W. Bush, cujo mandato começou em janeiro de 2001.
A economia dos Estados Unidos precisa gerar cerca de 100
mil postos de trabalho por mês
apenas para atender o ritmo de
crescimento da população, mas
a última vez que isso ocorreu
foi em outubro do ano passado.
Desde agosto de 2007, quando
teve início a crise, foram eliminadas 364 mil vagas, ou 26 mil,
em média, por mês.
Os dados do mercado de trabalho se unem a vários outros
divulgados nos últimos dias
que apontam a debilidade da
principal economia mundial.
As vendas de carros de montadoras, por exemplo, tiveram
no mês passado o resultado
mais fraco em mais de duas décadas. A comercialização de residências novas está no menor
ritmo em 17 anos, e as encomendas da indústria recuaram
4% em agosto, na maior queda
desde outubro de 2006.
A primeira estimativa do PIB
(Produto Interno Bruto) norte-americano do terceiro trimestre será divulgada no final deste
mês. No segundo trimestre, a
economia dos Estados Unidos
se expandiu em 2,8% na taxa
anualizada. Nos últimos três
meses do ano passado, o PIB se
contraiu em 0,2%, o que não
ocorria desde o terceiro trimestre de 2001.
Casa Branca
Diferentemente do que ocorreu nos últimos meses, a Casa
Branca não afirmou em seu comunicado que a economia
americana é resistente e que,
em termos gerais, ela caminha
para o crescimento. Desta vez,
o governo disse que "há uma séria crise financeira" e pediu que
o Congresso aprovasse logo o
pacote de ajuda aos mercados
-a nota foi divulgada antes da
votação na Câmara.
"A nossa economia continua
a enfrentar sérios desafios.
Nesta manhã [de ontem], soubemos que os Estados Unidos
perderam mais empregos de
novo em setembro -notícias
desapontadoras que ressaltam
a urgência da lei aprovada pelo
Congresso. Vai levar mais tempo e esforço determinado para
passarmos por esse período difícil", afirmou Bush, no início
da tarde, logo após a votação
pelos deputados.
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