São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Wachovia diz agora que aceita oferta do Wells Fargo, e Citigroup pode bloquear

DA REDAÇÃO

Em uma reviravolta surpreendente, o Wells Fargo anunciou a aquisição do Wachovia, dias depois de o Citigroup afirmar que tinha comprado aquele que era o quarto maior banco dos Estados Unidos, em uma operação coordenada pelo governo americano.
O Wachovia disse que não há nada que o impeça de concretizar a venda para o Wells Fargo, o quinto maior bancos dos EUA, mas o Citigroup afirmou que houve uma "violação clara" no acordo de exclusividade entre as duas instituições. O Citigroup não confirmou se pretende entrar na Justiça para impedir o negócio.
Segundo o acordo assinado na segunda-feira com o Citigroup, o Wachovia concordou em não "entrar ou participar de qualquer discussão ou negociação com uma terceira parte que está buscando fazer ou fez uma proposta de aquisição". Além de discutir a sua venda para o Citigroup no final de semana passado, o Wachovia chegou a negociar com o Wells Fargo.
De acordo com o "Wall Street Journal", executivos do Wachovia não negam o acordo assinado com o Citigroup, mas que a obrigação deles com os acionistas do banco os fez aceitar a proposta superior do Wells Fargo, apesar da possibilidade de um processo. Ainda segundo o jornal, o Citigroup pode aumentar a sua oferta.
A proposta do Wells Fargo é muito diferente da oferecida pelo Citigroup. A nova oferta envolve o pagamento de US$ 7 por ação do Wachovia, em um total de US$ 15,4 bilhões, não envolve a ajuda do governo federal e a assunção do banco dos prováveis prejuízos.
O Citigroup propôs US$ 1 por ação (ou US$ 2,2 bilhões) e a FDIC (órgão que garante operações do setor bancário dos Estados Unidos) concordou em absorver os prejuízos do Wachovia que superarem o teto de US$ 42 bilhões (a exposição total da instituição financeira a créditos imobiliários é de US$ 312 bilhões). Em contrapartida, o órgão receberia US$ 12 bilhões em ações e garantias do Citigroup.
A FDIC, que coordenou a venda, afirmou ontem, em nota, que "respeita o acordo já anunciado com o Citigroup", mas estudará "todas as propostas para encontrar uma solução que sirva aos interesses dos cidadãos". Já o Fed (o banco central dos Estados Unidos) disse que ainda não analisou a proposta do Wells Fargo e as "questões que ela levanta".
Caso seja fechado o negócio entre Wachovia e Wells Fargo, ainda assim o Citigroup continuará a ser a terceira maior instituição financeira em número de ativos dos EUA. O Bank of America e o JPMorgan Chase são os dois primeiros.
O negócio, anunciado na manhã de ontem, ajudou as Bolsas americanas a abrirem o dia em alta de mais de 1%, mas, depois de a Câmara dos Representantes aprovar o pacote de ajuda, as atenções se voltaram para o aperto no crédito e os dados negativos de emprego. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, fechou com queda de 1,50%. O S&P 500, mais amplo, caiu 1,35%.
As ações do Wachovia subiram 58,82%, na maior alta do dia. Os papéis do Citigroup foram os que mais recuaram, 18,44%, e os do Wells Fargo tiveram queda de 1,71%.
Também ontem, a AIG, seguradora que recebeu empréstimo no mês passado de US$ 85 bilhões do governo americano, afirmou que vai começar a vender parte dos seus ativos, o que deve reduzir pela metade o faturamento da empresa.


Com "The New York Times"


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