São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bovespa acumula queda de 12% na semana

Aprovação do esperado pacote de socorro do governo George W. Bush não trouxe alívio ao mercado; ontem, Bolsa recuou 3,5%

Câmbio também volta a ter dia negativo, e dólar fecha cotado a R$ 2,046; das 66 ações do Ibovespa, 51 têm desvalorização na semana

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A esperada aprovação do pacote de ajuda financeira do governo Bush não trouxe alívio ao mercado, e as Bolsas de Valores voltaram a sofrer perdas. Para a Bovespa, a desvalorização ficou em 3,53% ontem, o que fez com que acumulasse queda de 12,34% na semana.
O dólar, que chegou a ser vendido ontem a R$ 1,989, terminou as operações cotado a R$ 2,046, com apreciação de 1,14% diante do real. Na semana, a alta foi de 10,5%.
Pela manhã, os mercados operaram com ânimo, embalados pela expectativa de que o pacote seria finalmente aprovado. Porém, após a conclusão favorável das votações, no início da tarde, o clima positivo se esvaneceu. Os investidores passaram a discutir o quanto vai ser difícil ainda o processo de implementação do pacote, além de as preocupações com os riscos de a economia dos EUA estar à beira de uma recessão voltarem a incomodar.
Em Wall Street, o índice Dow Jones terminou com baixa de 1,5%. A Nasdaq caiu 1,48%.
"O efeito do pacote se resume a contribuir para barrar o efeito dominó no mercado financeiro, estabilizando as expectativas de desaceleração da economia mundial e, portanto, da geração de riqueza futura", afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Mas, avalia o economista, dados como o do mercado de trabalho americano, divulgado ontem, têm "deixado claro que, liquidez à parte, o problema econômico é enorme".
Apesar de a taxa de desemprego dos EUA ter se mantido em 6,1%, houve o desaparecimento de 159 mil postos de trabalho no país em setembro.
A Bovespa, que marcou alta de 4,18% em seu melhor momento de ontem, terminou aos 44.517 pontos, menor patamar desde março de 2007. A queda da Bolsa em 2008 alcança 30%.
Além do clima externo adverso, a Bovespa também foi punida com notícias internas. A Aracruz, que divulgou perdas com aplicações financeiras no segmento cambial, viu suas ações PNB despencarem 24,80%, sendo a maior baixa do Ibovespa ontem.
Outra ação que teve forte queda foi a ordinária da BM&FBovespa, que caiu 13,69% no pregão de ontem.
O setor bancário, que tem enfrentado dificuldades para conseguir recursos no exterior nesse período de crise, esteve entre os destaques de baixa ontem.
Entre os maiores bancos, as ações que mais caíram foram as units do Unibanco (recuaram 10,08%), seguidas de Itaú PN (-7,10%), Banco do Brasil ON (-6,40%) e Bradesco PN (-5,03%). Entre os bancos de menor porte, os papéis que mais perderam foram os do Indusval, que recuaram 17,64%.
Na semana, houve 51 baixas e apenas 15 altas entre os papéis que formam o índice Ibovespa. A maior perda semanal ficou com os papéis units da ALL (América Latina Logística), que perderam 32,07%. Logo atrás ficaram Aracruz PNB (com baixa de 30,71%) e Rossi Residencial ON (-29,54%).
"A aprovação do pacote deve conseguir evitar a concretização de uma crise sistêmica global, com uma quebradeira em cascata dos bancos. Mas a retomada da confiança, o retorno do crédito e a melhora dos mercados deve ser gradativa e não deve conseguir evitar uma desaceleração mais forte e prolongada das economias desenvolvidas", afirma Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"Dessa forma, ao perceber essas dificuldades, os investidores receberam a aprovação do pacote com algum alívio, mas sem euforia e com bastante cautela", afirma.
A depreciação das ações da Petrobras na última hora de pregão sofreu influência das vendas mais pesadas feitas por investidores estrangeiros. O papel preferencial da estatal, o mais negociado do pregão, encerrou com baixa de 3,27%, tendo chegado a subir 6% no melhor momento do dia.
Em setembro, os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de R$ 1,81 bilhão. Esse foi o quarto mês seguido de saldo negativo nas operações feitas com capital externo. Desde junho, os estrangeiros tiraram líquidos R$ 19,1 bilhões da Bolsa -o que faz de 2008 o pior ano da história nesse quesito.


Texto Anterior: Montadoras européias pedem ajuda bilionária
Próximo Texto: Real é a moeda que mais tem se desvalorizado ante o dólar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.