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Bovespa acumula queda de 12% na semana
Aprovação do esperado pacote de socorro do governo George W. Bush não trouxe alívio ao mercado; ontem, Bolsa recuou 3,5%
Câmbio também volta a ter
dia negativo, e dólar fecha
cotado a R$ 2,046; das 66
ações do Ibovespa, 51 têm
desvalorização na semana
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A esperada aprovação do pacote de ajuda financeira do governo Bush não trouxe alívio ao
mercado, e as Bolsas de Valores
voltaram a sofrer perdas. Para a
Bovespa, a desvalorização ficou
em 3,53% ontem, o que fez com
que acumulasse queda de
12,34% na semana.
O dólar, que chegou a ser
vendido ontem a R$ 1,989, terminou as operações cotado a
R$ 2,046, com apreciação de
1,14% diante do real. Na semana, a alta foi de 10,5%.
Pela manhã, os mercados
operaram com ânimo, embalados pela expectativa de que o
pacote seria finalmente aprovado. Porém, após a conclusão
favorável das votações, no início da tarde, o clima positivo se
esvaneceu. Os investidores
passaram a discutir o quanto
vai ser difícil ainda o processo
de implementação do pacote,
além de as preocupações com
os riscos de a economia dos
EUA estar à beira de uma recessão voltarem a incomodar.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones terminou com baixa de
1,5%. A Nasdaq caiu 1,48%.
"O efeito do pacote se resume
a contribuir para barrar o efeito
dominó no mercado financeiro, estabilizando as expectativas de desaceleração da economia mundial e, portanto, da geração de riqueza futura", afirma José Francisco Gonçalves,
economista-chefe do Banco
Fator. Mas, avalia o economista, dados como o do mercado de
trabalho americano, divulgado
ontem, têm "deixado claro que,
liquidez à parte, o problema
econômico é enorme".
Apesar de a taxa de desemprego dos EUA ter se mantido
em 6,1%, houve o desaparecimento de 159 mil postos de trabalho no país em setembro.
A Bovespa, que marcou alta
de 4,18% em seu melhor momento de ontem, terminou aos
44.517 pontos, menor patamar
desde março de 2007. A queda
da Bolsa em 2008 alcança 30%.
Além do clima externo adverso, a Bovespa também foi
punida com notícias internas.
A Aracruz, que divulgou perdas
com aplicações financeiras no
segmento cambial, viu suas
ações PNB despencarem
24,80%, sendo a maior baixa do
Ibovespa ontem.
Outra ação que teve forte
queda foi a ordinária da
BM&FBovespa, que caiu
13,69% no pregão de ontem.
O setor bancário, que tem enfrentado dificuldades para conseguir recursos no exterior nesse período de crise, esteve entre
os destaques de baixa ontem.
Entre os maiores bancos, as
ações que mais caíram foram as
units do Unibanco (recuaram
10,08%), seguidas de Itaú PN
(-7,10%), Banco do Brasil ON
(-6,40%) e Bradesco PN
(-5,03%). Entre os bancos de
menor porte, os papéis que
mais perderam foram os do Indusval, que recuaram 17,64%.
Na semana, houve 51 baixas e
apenas 15 altas entre os papéis
que formam o índice Ibovespa.
A maior perda semanal ficou
com os papéis units da ALL
(América Latina Logística), que
perderam 32,07%. Logo atrás
ficaram Aracruz PNB (com baixa de 30,71%) e Rossi Residencial ON (-29,54%).
"A aprovação do pacote deve
conseguir evitar a concretização de uma crise sistêmica global, com uma quebradeira em
cascata dos bancos. Mas a retomada da confiança, o retorno
do crédito e a melhora dos mercados deve ser gradativa e não
deve conseguir evitar uma desaceleração mais forte e prolongada das economias desenvolvidas", afirma Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"Dessa forma, ao perceber
essas dificuldades, os investidores receberam a aprovação
do pacote com algum alívio,
mas sem euforia e com bastante cautela", afirma.
A depreciação das ações da
Petrobras na última hora de
pregão sofreu influência das
vendas mais pesadas feitas por
investidores estrangeiros. O
papel preferencial da estatal, o
mais negociado do pregão, encerrou com baixa de 3,27%,
tendo chegado a subir 6% no
melhor momento do dia.
Em setembro, os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de
R$ 1,81 bilhão. Esse foi o quarto
mês seguido de saldo negativo
nas operações feitas com capital externo. Desde junho, os estrangeiros tiraram líquidos R$
19,1 bilhões da Bolsa -o que faz
de 2008 o pior ano da história
nesse quesito.
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