|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Real é a moeda que mais tem se desvalorizado ante o dólar
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre as principais moedas, o
real é a que mais tem se desvalorizado ante o dólar. No período de um mês terminado ontem, a divisa brasileira perdeu
22,88%: em 2 de setembro, era
necessário R$ 1,665 para comprar um dólar. Ontem, o valor
já estava em R$ 2,046. Enquanto isso, o euro teve baixa de
4,8%, e o iene avançou 2,12%. O
dólar australiano caiu 7,07%, o
peso chileno recuou 8,88%, e o
mexicano, 6,53%.
"É surpreendente que o real
tenha o pior desempenho, considerando que os fundamentos
da economia do Brasil continuam muito bons", diz Win
Thin, estrategista sênior de
câmbio da corretora Brown,
Brothers, Harriman & Co. em
Nova York. "Mas o cenário está
negativo para os países emergentes em geral, diante da
maior aversão ao risco."
O medo está fazendo com
que os investidores estrangeiros tirem seu dinheiro de regiões menos seguras e busquem refúgio nos títulos do Tesouro dos Estados Unidos ou
simplesmente utilizem os recursos na cobertura dos prejuízos que sofreram em outras
partes. Com a perspectiva de
desaceleração global, também
se espera que as nações exportadoras de commodities, como
o Brasil, vendam menos.
Na opinião do consultor
Emilio Garofalo Filho, ex-diretor do Banco Central, a principal explicação para o "transtorno bipolar" que afeta o mercado está na inexperiência dos jovens operadores, que nunca
passaram por uma crise e agem
como "maria-vai-com-as-outras". "Pouco tempo atrás, falava-se de uma valorização exagerada e agora vemos essa queda. O comportamento ziguezague é típico de quem não analisa fundamentos", afirma.
A solução, prossegue ele, é
que o Banco Central volte a agir
como "xerife" do mercado,
"não contrariando a tendência,
porém contendo esse ímpeto
emocional de cada dia". Uma
das formas de fazer isso é comprar e vender moeda, e outra,
especialmente indicada em situações como a atual, é repassar, aos bancos que atuam nesse segmento, linhas de crédito
para o exportador.
"A taxa de câmbio mais alta
compensa uma eventual diminuição das exportações; entretanto, isso só é verdade se há liquidez. De pouco adianta vender e não conseguir a antecipação dos recursos. O governo
tem que agir para garantir a disponibilidade de recursos", afirma Garofalo.
Johnny Kneese, diretor da
corretora Levycam, lembra que
é difícil fazer projeções para o
curto prazo, mas estima que o
dólar termine o ano entre R$
1,85 e R$ 1,90. "A evolução da
taxa vai depender do desenrolar da crise internacional."
Texto Anterior: Bovespa acumula queda de 12% na semana Próximo Texto: Aracruz tem perda de R$ 1,95 bi com câmbio Índice
|