São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Real é a moeda que mais tem se desvalorizado ante o dólar

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre as principais moedas, o real é a que mais tem se desvalorizado ante o dólar. No período de um mês terminado ontem, a divisa brasileira perdeu 22,88%: em 2 de setembro, era necessário R$ 1,665 para comprar um dólar. Ontem, o valor já estava em R$ 2,046. Enquanto isso, o euro teve baixa de 4,8%, e o iene avançou 2,12%. O dólar australiano caiu 7,07%, o peso chileno recuou 8,88%, e o mexicano, 6,53%.
"É surpreendente que o real tenha o pior desempenho, considerando que os fundamentos da economia do Brasil continuam muito bons", diz Win Thin, estrategista sênior de câmbio da corretora Brown, Brothers, Harriman & Co. em Nova York. "Mas o cenário está negativo para os países emergentes em geral, diante da maior aversão ao risco."
O medo está fazendo com que os investidores estrangeiros tirem seu dinheiro de regiões menos seguras e busquem refúgio nos títulos do Tesouro dos Estados Unidos ou simplesmente utilizem os recursos na cobertura dos prejuízos que sofreram em outras partes. Com a perspectiva de desaceleração global, também se espera que as nações exportadoras de commodities, como o Brasil, vendam menos.
Na opinião do consultor Emilio Garofalo Filho, ex-diretor do Banco Central, a principal explicação para o "transtorno bipolar" que afeta o mercado está na inexperiência dos jovens operadores, que nunca passaram por uma crise e agem como "maria-vai-com-as-outras". "Pouco tempo atrás, falava-se de uma valorização exagerada e agora vemos essa queda. O comportamento ziguezague é típico de quem não analisa fundamentos", afirma.
A solução, prossegue ele, é que o Banco Central volte a agir como "xerife" do mercado, "não contrariando a tendência, porém contendo esse ímpeto emocional de cada dia". Uma das formas de fazer isso é comprar e vender moeda, e outra, especialmente indicada em situações como a atual, é repassar, aos bancos que atuam nesse segmento, linhas de crédito para o exportador.
"A taxa de câmbio mais alta compensa uma eventual diminuição das exportações; entretanto, isso só é verdade se há liquidez. De pouco adianta vender e não conseguir a antecipação dos recursos. O governo tem que agir para garantir a disponibilidade de recursos", afirma Garofalo.
Johnny Kneese, diretor da corretora Levycam, lembra que é difícil fazer projeções para o curto prazo, mas estima que o dólar termine o ano entre R$ 1,85 e R$ 1,90. "A evolução da taxa vai depender do desenrolar da crise internacional."


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