São Paulo, domingo, 04 de outubro de 2009

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MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

"País deve aproveitar o pós-crise para dar um grande salto"

"Vamos nos contentar com avanços cumulativos do país ou dar um grande salto?", pergunta Octavio de Barros, diretor de pesquisas do Bradesco. Juntamente com Fabio Giambiagi, economista do BNDES, Barros está lançando o livro "Brasil Pós-Crise: Agenda para a Próxima Década", pela Editora Campus/Elsevier.
Os organizadores propõem-se a dar subsídios para a discussão de possibilidades no futuro governo, ao olhar dez anos à frente, com autores de diferentes correntes. Não tem o espírito da gasta agenda perdida, mas estão ali os grandes temas, como a agenda fiscal, abordada por Delfim Netto, a reforma do Judiciário, por Armando Castellar, e o pré-sal, por Sergio Gabrielli, dentre outros.
A seguir, trechos da entrevista dos dois economistas.

 

OCTAVIO DE BARROS - O livro fala das potencialidades do país na próxima década, uma vez superada a crise, mas levanta questões para que o Brasil continue progredindo, não apenas em uma década.
FABIO GIAMBIAGI - Não podemos esquecer que na fase de bonança tende-se a protelar. O bônus demográfico e o petróleo, ainda que favoreçam o país por algum tempo, se esgotam.
BARROS - Era essa a nossa provocação: só o avanço cumulativo ou um grande salto? As condições estão muito presentes para um grande salto, se o Brasil quiser dar o grande salto. Tivemos prêmios de loterias, as commodities e o pré-sal. Para nós, a história mal começou. O Brasil tem o desafio de fazer as reformas. Ele tem um bônus demográfico teria de compatibilizar isso com uma bela agenda de reformas: tributária, política, trabalhista e os temas da infraestrutura e da educação. Se o Brasil, realmente, mergulhar com sentido de urgência, desde já esse benefício demográfico pode catapultar o país para um outro patamar de desenvolvimento social. Precisa se preparar para não ficar eternamente dependendo de prêmios de loteria ou da China.
GIAMBIAGI - Tem que ter o sentido de urgência, de tocar a agenda para a frente e, não, deitar em berço esplêndido.
BARROS - O país não fica mais de joelhos a cada crise. E o endereçamento razoável da questão social, mais os prêmios de loterias que nós ganhamos e o fato de o mundo ter uma leitura generosa a respeito do Brasil... há uma tentação natural a simplesmente aceitar as melhoras e não dar um grande salto. O lado macro, por exemplo, ganhou credibilidade. O país é reconhecido, tornou-se mais previsível. Do ponto de vista micro, a questão é mais complicada, o apetite é menor.
GIAMBIAGI - Um governo tem que fazer escolhas. Se assume que quer tocar todas essas reformas ao mesmo tempo, muito provavelmente nenhuma delas vai poder ser implementada. A bancada associada ao tema A não quer que isso passe, a bancada associada ao tema B não quer que aquilo passe, e já se unem para bloquear tudo. Então, o governo que assumir em 2011 terá que estabelecer as suas reformas prioritárias e fazê-las.

TIJOLO
A partir do último trimestre deste ano, a O'R (Odebrecht Realizações Imobiliárias) lança empreendimentos no Rio, com expectativa de alcançar um total de R$ 1 bilhão em volumes de vendas até 2011. O primeiro projeto é o Dimension Office & Park, na Barra da Tijuca, que soma um volume de vendas de R$ 240 milhões.

CURRÍCULO
O Emprega São Paulo, sistema de intermediação de vagas de emprego do governo paulista, atingiu na sexta a marca de 100 mil trabalhadores contratados por meio do portal. O sistema tem hoje cerca de 20 mil vagas abertas em todo o Estado. Desde que entrou no ar, em 2008, 2 milhões de candidatos se cadastraram no site.

PACOTE BELEZA
O modelo de atuação das unidades brasileiras da rede internacional de academias femininas Contours será exportado para as franquias da marca no exterior. O americano Daren Carter, fundador da Contours, veio ao Brasil na última semana para conhecer a ideia que surgiu aqui de oferecer serviços variados. Além da academia de ginástica, os franqueados brasileiros disponibilizam também tratamento estético, com massagem, drenagem linfática e depilação.

"Visão de novo Brasil ajudou a eleger o Rio"

O clima de animação com a escolha do Rio de Janeiro para ser a sede da Olimpíada em 2016 se disseminou pela comitiva brasileira, em Copenhague. O presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, contou, da Dinamarca, que a apresentação "impecável" do país e "a visão, na economia, de um novo Brasil" foram os pilares da vitória da candidatura da cidade.
"Me impressionou, como cidadão brasileiro, naquele ambiente de pesos pesados internacionais, a afirmação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que o Brasil será a quinta economia do mundo em 2016", disse Trabuco.
"Deu orgulho. Foi surpreendente o impacto positivo. É evidente que ele está certo", acrescentou o presidente do Bradesco, que participou da reunião do Comitê Olímpico Internacional.
Para Trabuco, o país tem uma agenda a cumprir. "Devemos nos preparar para um novo mercado, com mais consumidores, mobilidade social e muitos investimentos", afirma.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI

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