|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Taxa de homicídio segue índice
de desemprego em regiões de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de homicídio calculada
pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) em
1999 nos distritos paulistas segue
a mesma tendência do índice de
desemprego: nas áreas estruturadas, a taxa é menor; nas periféricas, ela aumenta.
Enquanto a taxa de desemprego
nas seis áreas consideradas estruturadas pelo "Mapa do Emprego
e Desemprego do Município de
São Paulo" fica em 12,9%, a taxa
de homicídio por 100 mil habitantes é de 37,6.
Nas áreas consideradas periféricas, as taxas sobem, respectivamente, para 18,7% e 57,5 por 100
mil habitantes.
O levantamento da Fundação
Seade é calculado por distritos e
leva em consideração o atestado
de óbito e o local de moradia da
vítima e a população de cada distrito de São Paulo.
A região Sul 1, que engloba os
distritos de Parelheiros e Socorro
e apresenta a situação mais dramática de desemprego, é também
a que apresenta a maior taxa de
homicídio (82,3) entre os distritos
pesquisados pela "Mapa do Emprego e Desemprego".
A menor taxa de desemprego
(8,3%) e de homicídios (18,2%) é
encontrada na região Sudoeste 1,
que engloba, entre outros, distritos como Perdizes, Pinheiros,
Morumbi, Consolação, Bela Vista
e Jardim Paulista.
Causa e efeito
A comparação entre as taxas de
homicídio da Fundação Seade e
de desemprego do "Mapa do Emprego e Desemprego", no entanto, não permite que se faça uma
correlação simples e direta de
causa e efeito entre alto do número de assassinatos e alto índice de
desemprego.
Na região Leste 1 (Sé, Brás, Pari e
outros distritos), por exemplo, a
taxa de homicídios é alta (63,2) se
comparada com a taxa das demais regiões pesquisadas, mas a
taxa de desemprego (12,1%) fica
abaixo da média da cidade.
O inverso acontece na região
Leste 2 (Tatuapé, Penha, Vila Matilde e outros), onde a taxa de homicídio por 100 mil habitantes
(33,5) é quase a metade da taxa da
cidade (66,8) e a taxa de desemprego (16,5%) é quase a mesma da
média de São Paulo (16,6%).
Em artigo no site Conjuntura
Criminal (www.conjunturacriminal.com.br), o pesquisador do Ilanud (Instituto Latino Americano
das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do
Delinquente) Túlio Khan pondera que a relação entre desemprego
e criminalidade não é direta.
"Há uma correlação entre ambos, mas os efeitos do desemprego sobre a criminalidade não são
imediatos. Ninguém normal perde o emprego num dia e se torna
assaltante de bancos no outro",
diz o pesquisador.
Khan afirma, no entanto, que
um longo período de desemprego
é um dos fatores que podem pressionar o aumento no número de
crimes.
O pesquisador cita uma pesquisa do Datafolha de 1991 em que foi
constatado que apenas 27% dos
presos da Casa de Detenção estavam desempregados quando cometeram seus crimes para concluir que "estar trabalhando pode
ser um elemento inibidor do crime, mas não constitui nenhuma
garantia".
Texto Anterior: Nas áreas nobres, 13,4% dos ocupados são patrões Próximo Texto: Opinião econômica - Gesner Oliveira: Novidades no controle de fusões Índice
|