São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2000

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Taxa de homicídio segue índice de desemprego em regiões de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de homicídio calculada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) em 1999 nos distritos paulistas segue a mesma tendência do índice de desemprego: nas áreas estruturadas, a taxa é menor; nas periféricas, ela aumenta.
Enquanto a taxa de desemprego nas seis áreas consideradas estruturadas pelo "Mapa do Emprego e Desemprego do Município de São Paulo" fica em 12,9%, a taxa de homicídio por 100 mil habitantes é de 37,6.
Nas áreas consideradas periféricas, as taxas sobem, respectivamente, para 18,7% e 57,5 por 100 mil habitantes.
O levantamento da Fundação Seade é calculado por distritos e leva em consideração o atestado de óbito e o local de moradia da vítima e a população de cada distrito de São Paulo.
A região Sul 1, que engloba os distritos de Parelheiros e Socorro e apresenta a situação mais dramática de desemprego, é também a que apresenta a maior taxa de homicídio (82,3) entre os distritos pesquisados pela "Mapa do Emprego e Desemprego".
A menor taxa de desemprego (8,3%) e de homicídios (18,2%) é encontrada na região Sudoeste 1, que engloba, entre outros, distritos como Perdizes, Pinheiros, Morumbi, Consolação, Bela Vista e Jardim Paulista.

Causa e efeito
A comparação entre as taxas de homicídio da Fundação Seade e de desemprego do "Mapa do Emprego e Desemprego", no entanto, não permite que se faça uma correlação simples e direta de causa e efeito entre alto do número de assassinatos e alto índice de desemprego.
Na região Leste 1 (Sé, Brás, Pari e outros distritos), por exemplo, a taxa de homicídios é alta (63,2) se comparada com a taxa das demais regiões pesquisadas, mas a taxa de desemprego (12,1%) fica abaixo da média da cidade.
O inverso acontece na região Leste 2 (Tatuapé, Penha, Vila Matilde e outros), onde a taxa de homicídio por 100 mil habitantes (33,5) é quase a metade da taxa da cidade (66,8) e a taxa de desemprego (16,5%) é quase a mesma da média de São Paulo (16,6%).
Em artigo no site Conjuntura Criminal (www.conjunturacriminal.com.br), o pesquisador do Ilanud (Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente) Túlio Khan pondera que a relação entre desemprego e criminalidade não é direta.
"Há uma correlação entre ambos, mas os efeitos do desemprego sobre a criminalidade não são imediatos. Ninguém normal perde o emprego num dia e se torna assaltante de bancos no outro", diz o pesquisador.
Khan afirma, no entanto, que um longo período de desemprego é um dos fatores que podem pressionar o aumento no número de crimes.
O pesquisador cita uma pesquisa do Datafolha de 1991 em que foi constatado que apenas 27% dos presos da Casa de Detenção estavam desempregados quando cometeram seus crimes para concluir que "estar trabalhando pode ser um elemento inibidor do crime, mas não constitui nenhuma garantia".



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